Deixemos os cães ladrarem aos parados da vida. Rotos e sujos, poeirentos de teias por estarem demasiado tempo à espera de terem tempo ou de simplesmente alcançarem mais que o sonho, além do espectro iluminado. Eles que se fiquem no barulho, nós vamos continuar. Parnaciosos e cientes que quem nos ladra se mexe sem criar, se cria sem fazer e, pior, vive sem sonhar e dorme para continuar.
Aqui vive-se de sonhos, uns inúteis, outros utópicos, mas eternamente patentes no olhar de quem vê.
Aqui dorme-se com sonhos, abraçando e contornando cada corpo sonhado numa elegia sangrenta de sorrisos macabros, não maliciosos, de gozar nos momentos a eternidade das vidas dos outros.
O nosso movimento é controlado, não pelo mundo mas pelo sonho.
O nosso movimento não é maior, simplesmente é nosso e tem tanta mais sede do que aqueles que não bebem.