Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quinta-feira, 13 de março de 2014

Noite VI

Se é real não mostres, se é palavra não digas, se tem toque, afasta, se tem corpo não aproximes, se tem fim, não comeces, parece tão inútil deixar ir com o vento o que não se sabe que veio com a maré, não fales, não expliques, não fiques, não vás, fica na ponte de sempre, no ponto infinito de quiasmos, no toque último de céu, onde as memórias podem ser chamadas, onde podem ser apagadas, onde o tempo, eu e tu, com a cabeça no horizonte e os olhos no infinito de cada um, se cruzam num término tempo sem fim, não fales, não sei o que pensas, não sei pensar, é demasiado fácil deixar de fingir, é demasiado fácil deixar de tentar, demasiado fácil fugir de onde nunca se pertenceu.
Com tudo e com todos, uma profunda distância de quem percorreu mais caminhos do que aqueles que devias ter cruzado.