Do sentido que temos, pouco dele dura para sempre, os grandes momentos da vida são demasiado curtos no tempo, demasiado rápidos na nossa história. Mesmo o que vive, sempre, no nosso coração, passa leve levemente pelas nossas mãos como pequenos grãos de memória que deixamos cair como crianças a aprender a caminhar.
O que esquecemos, não por falta de memória mas por falta de voltar, fica na perpetuidade do som, no infímo toque que nos lembra um do outro, o menos doce, amargo, torna-nos incompletos, assoberbados de pequenos vazios que nos enchem de nós.
Do que me lembro de ti, recordo que queríamos para sempre, tornar o nosso momento eterno, o nosso sorriso constante, a nossa escuridão infinita como a do espaço, flutuando como rios pelo espaço, protegendo-nos do que nos circunde, do que nos preenche, cruzando-nos imediata e afincadamente pelo trilho que criássemos.
Como tornamos tudo isto perpetuo?
Não tornamos. O silêncio que temos é maior do que a voz que hoje recordamos.