Desde já obrigado pela vossa presença no AQUI, esclareço que todas as citações (e serão algumas) foram retiradas dos livros "Produto Interno Lírico" (poemas) e "Coração Sem Abrigo", ambas de José Jorge Letria.
«Salvatore Quasimodo (1901-1968): "Todos Estamos sós no coração da Terra trespassado por um raio de sol; de repente anoitece".»
Olá a todos que acompanharam este ambicioso projecto e ajudaram a criar este belíssimo e pluripotente espaço. Um sítio de conversas, de partilha e, até, de parvoíces várias. Afirmo que pertencer a este projecto foi e é uma grande honra, agradecendo o convite que me foi feito para aqui participar. Ora, num actual paradigma, afirmo que vou suspender a minha actividade neste blogue por "razões de saúde" (como se diz agora muito).
A verdade é que, como disse uma vez um grande poeta, "as palavras estão gastas", sinto que me falta algo e que isso se nota nas mais variadas situações. Não querendo nada... vou afastar-me pelo menos 1 semana e, parecendo desnecessário aos vossos olhos, este texto longo e aborrecido é uma forma de auto-justificar esta necessidade de parar, mesmo que por pouco, mesmo que por muito...
A Quem Perguntar Quem Sou
Há quem pergunte na rua
se eu sou quem sou, e eu não sei responder,
porque eu já não sou quem fui
nem sei quem irei ser...
As minhas lágrimas sabem a mar,
porque eu trago o mar na carne
e o meu peito é uma fúria de ondas
assaltando a terra durante o sono dos homens.
Eu movo-me nos círculos da insónia
como um animal enlouquecido, alucinado
por aquilo que o instinto lhe segrega.
Há quem pergunte quem sou
e eu respondo que sou o que escrevo,
pois, fora do que escrevo, o que existe em mim
é um turbilhão de lava a engolir as dunas. Nada mais."
Uma Noite Fechada a Sete Chaves
"Nunca, como agora, falei de mim e do que sou
tão desabrida, tão despudoradamente
sem temer a leitura e as subleituras
que o texto aqui e acolá consente e sugere.
É talvez coragem que vem com a idade,
e talvez seja excessivo chamar-lhe coragem,
pois, vendo bem, não passa da verdade
que a poesia reclama como exercício de desocultação.
Eu que colecciono máscaras de tantos lugares
deixo por fim cair a minha, sem cautelas,
com a crueza animal dos partos na erva,
com a rudeza da pedra das confissões primitivas.
Sei que escrevo para depois de mim,
para o que restar de mim na memória dos outros,
para o afecto que as minhas palavras, enleantes,
conseguirem verter na página, uma dádiva final.
...
O meu sono é uma noite fechada a sete chaves
...
Se vivi outras vidas foi somente para preparar,
com cuidado de alquimista, a voz com que me revelo nesta."
Há quem pergunte na rua
se eu sou quem sou, e eu não sei responder,
porque eu já não sou quem fui
nem sei quem irei ser...
As minhas lágrimas sabem a mar,
porque eu trago o mar na carne
e o meu peito é uma fúria de ondas
assaltando a terra durante o sono dos homens.
Eu movo-me nos círculos da insónia
como um animal enlouquecido, alucinado
por aquilo que o instinto lhe segrega.
Há quem pergunte quem sou
e eu respondo que sou o que escrevo,
pois, fora do que escrevo, o que existe em mim
é um turbilhão de lava a engolir as dunas. Nada mais."
Uma Noite Fechada a Sete Chaves
"Nunca, como agora, falei de mim e do que sou
tão desabrida, tão despudoradamente
sem temer a leitura e as subleituras
que o texto aqui e acolá consente e sugere.
É talvez coragem que vem com a idade,
e talvez seja excessivo chamar-lhe coragem,
pois, vendo bem, não passa da verdade
que a poesia reclama como exercício de desocultação.
Eu que colecciono máscaras de tantos lugares
deixo por fim cair a minha, sem cautelas,
com a crueza animal dos partos na erva,
com a rudeza da pedra das confissões primitivas.
Sei que escrevo para depois de mim,
para o que restar de mim na memória dos outros,
para o afecto que as minhas palavras, enleantes,
conseguirem verter na página, uma dádiva final.
...
O meu sono é uma noite fechada a sete chaves
...
Se vivi outras vidas foi somente para preparar,
com cuidado de alquimista, a voz com que me revelo nesta."
Não é demais agradecer os que acompanham este sítio, agradecendo às minhas duas co-blogueres que eximiamente mantém este espaço vivo. Quem sabe, o meu problema de saúde passe numa semana e eu volte com bons textos e boas mensagens para todos vós. Peço desculpa pela inesperada mensagem que aqui deixo, parida a frio numa noite gelada, mas expressa um leque de condições que me levaram a considerar uma belas e merecidas férias. espero voltar bem e melhor...
Obrigado, Até Sempre E este é o Meu País!
Obrigado, Até Sempre E este é o Meu País!