Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Amanhã

É de noite e ainda gritamos, já voam pratos nos nossos sonhos e vozes na inspiração, o dia claro foi para longe, há coisas para dizer e este não é o tempo para o corrigir. Vem, não irá ser para sempre, este mundo que não mente, sabes aquele que é só nosso, diz que acabou, Estou cansado, dormimos?, Vira-te, estamos perdidos, e perdidos ficamos, eliminando nas palavras os gestos que nos consomem por dentro. Vamos sobreviver, lutar, enfim, aquelas palavras de eliminar maus tempos e chover linhas, perpetuando parágrafos até páginas sem fim, de livros sem histórias. Insiste, vira-te, corre, não fica nada, não sobra nada, deixamos cair cada pedaço da memória nos percursos obtusos dos que se perdem nas ruas, nas chamas inocentes de quem sabe que arde por dentro, o cansaço vem, consome, irrita, preenche e deixa um quarto vazio, uma janela aberta e uma cama desfeita, não há espaço arrumado, a estante deslocou-se, os livros caíram na madeira do chão, as roupas continuam espalhados mas já não somos nós que nos quedamos no horizonte.

Amanhã, vamos ser livres!