Há quem viva consigo na esperança irreduta de chegar à altura dos deuses, esperando uma panaceia inglória de vastas palmas e olhos sôfregos de admiração, uma perdição celestial de quem nutre vazios por dentro, incalculando miraculosamente com souvenirs estrangeiros ou estados de espírito simplesmente passageiros. Os sonhos dos outros a nós nos dizem nada, a podridão de quem passa só nos deixa miragem a quem fica. Pela noite dos audazes caminhemos desinteressados esperando que pela aurora nos seja entregue não a glória, não o céu, mas simplesmente sede, mas simplesmente fome, mas simplesmente esta angústia de querer, algo que nos faça simplesmente sentir. Não precisamos de ir além nem de sonhar o que não nos pertence, deixemos ir o comboio e passeamos descalços por cada pedra rolante, ferindo a cada passo uma existência que não se queima jamais.
Deixemos os outros sonhar enquanto os nossos sonhos não cabem na noite,
Serão sempre eternas manhãs de luz.
Aqui diz-se quando ninguém deixa. Aqui manda-se vir sem os gajos ricos deixarem. Aqui fala-se... E fala-se... Por ser isso que nos mantém vivos
Balelas (ou não) da Rua
Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Nada de mim me sobra
Depois de despido da razão imensa glorificadora de distancias longínquas e desencontros perenes, morre se de sonhos numa solidão grave, destruidora, que nos perpetua num espaço oco e vazio circundados de morte e desejos por cumprir, depois de me tirada a razão nada me sobra, nem lamentos, nem murmúrios vagos, vazio de desejos crepitantes e margens por cumprir. É teu também este vazio, de ti só me ficam lembranças em sopros de vento que me trucidam em cada segundo, agonizantemente trespassado pelo vento do norte.
Seguidamente de nos tirada a razão e de constatarmos a lucidez que sem ela nos invade, desejamos um novo espaço, cansado, com palavras, com desejo, com o fumo dos bares onde nos sentamos e as mesas que nos ouviram inundar de espasmos os pequenos gestos que nos traziam a madrugada. Por nós lançada na estrada, pequena, desamparada, desencantada de génios mais altos mas que mesmo assim brilhava sem ninguém ver, só nós que sabemos gritar de dor.
Entrelacemos as mãos, inocentes criaturas da noite, saibamos que nesta cidade fomos loucura, fomos espaço cumprido e sonhos de lume ardente onde tantas vezes os corpos de confundiram em chamas escarlates alcançando o céu em nevoeiros e neblinas. Chegamos mais além, sabe os que ainda iremos rasgar a solidão que nos fixa extinta a madrugada, mais longe, sem nunca esquecer o latente desejo de nos perdermos juntos.
O penúltimo estagio, estagnar a bonança do povo orgulhoso e saudosista, vencidos de guerra e soletradores de mortes, eternos escravos da bonança, jamais idos nas viagens do tempo pois estão estancados em mundos novos que já não os há. Aqui perde se a esperança de ter sangue para ferir, de ter rasgos na pele que testemunhem a luta. Somos ar e temos fome de voltar onde os corpos de principiam, atrás das nuvens dos deuses, além no mar perfeito.
Por fim, pelo medo e pela bondade, nos chega a manhã. Contra o tédio e a poesia, nascemos juntos, pela liberdade, criada a claridade de toda a nossa verdade, sabemos dizer sim, sabemos sair juntos da maré cheia, fragilmente renascidos por dentro.
Já não há o desencanto, lutamos contra o medo e a anarquia, contra a opressão e o milagre, sabemos que mais que a razão temos todas as manhas da vida para renascer e dizer sim!
Seguidamente de nos tirada a razão e de constatarmos a lucidez que sem ela nos invade, desejamos um novo espaço, cansado, com palavras, com desejo, com o fumo dos bares onde nos sentamos e as mesas que nos ouviram inundar de espasmos os pequenos gestos que nos traziam a madrugada. Por nós lançada na estrada, pequena, desamparada, desencantada de génios mais altos mas que mesmo assim brilhava sem ninguém ver, só nós que sabemos gritar de dor.
Entrelacemos as mãos, inocentes criaturas da noite, saibamos que nesta cidade fomos loucura, fomos espaço cumprido e sonhos de lume ardente onde tantas vezes os corpos de confundiram em chamas escarlates alcançando o céu em nevoeiros e neblinas. Chegamos mais além, sabe os que ainda iremos rasgar a solidão que nos fixa extinta a madrugada, mais longe, sem nunca esquecer o latente desejo de nos perdermos juntos.
O penúltimo estagio, estagnar a bonança do povo orgulhoso e saudosista, vencidos de guerra e soletradores de mortes, eternos escravos da bonança, jamais idos nas viagens do tempo pois estão estancados em mundos novos que já não os há. Aqui perde se a esperança de ter sangue para ferir, de ter rasgos na pele que testemunhem a luta. Somos ar e temos fome de voltar onde os corpos de principiam, atrás das nuvens dos deuses, além no mar perfeito.
Por fim, pelo medo e pela bondade, nos chega a manhã. Contra o tédio e a poesia, nascemos juntos, pela liberdade, criada a claridade de toda a nossa verdade, sabemos dizer sim, sabemos sair juntos da maré cheia, fragilmente renascidos por dentro.
Já não há o desencanto, lutamos contra o medo e a anarquia, contra a opressão e o milagre, sabemos que mais que a razão temos todas as manhas da vida para renascer e dizer sim!
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Nocturno I
Estava escuro quando saí do trabalho, laça pelo cansaço de horas programadas a rigor científico num escritório sujo e desbarato, com um inianável cheiro a moço que inundava de suor quente e de noites de insónias. Inquietamente pisei a calçada que me levava ao eléctrico com destino ao meu porto seguro e isolado, morbidamente habitado por um gato que de tão pouco miar me compreendia as vísceras frias das noites que partilhávamos sozinhos. Os meus passos ecoavam com os de outro alguém, ao mesmo ritmo compadecendo nos mesmos instantes, que nem relógios atómicos programados para reluzir ao mesmo instante, criando eternamente no futuro, um similar presente. Um pâncio absorveu-me. Não um pânico de girtos e contorcimentos corporais, mas uma onde de mágoa e de lágrimas que me fizeram temer por cada instante, em cada inspiração mais pesada e cada passo menos hirto. Placidamente segui o meu caminho, agarrando a mala junto ao coração, só ele me protege, passaram por mim, sem mais ninguém as ver, todas as pessoas que dali me poderiam levar. Vi os sorrisos da minha infância, onde na pequena aldeia onde habitava me traziam água e me davam felicidade.
Aproximou-se. Os passos tornaram-se mais lentos...compassados... Parei e desisti... Não me sabia a nada o ar, não me enchia em nada cada toque terno que me davas, não era mais nada senão um corpo vazio, um cadáver podre, proscrito pelo tempo, vagueando ensamble pelas noites esperando ver em cada manhã um sol que nunca veio. Que sentido nos fica quando os nossos se perdem na noite?
Abri os olhos pela última vez e apertei-os forte abraçando as pálpebras cometendo o crime de ousar desistir enquanto os passos paravam ao mesmo tempo que eu, enquanto a respiração se quedava ao mesmo tempo que a minha, ao mesmo tempo que a lua sombreava o mesmo rosto que o meu numa montra velha de uma livraria já feita história. Aí vi, o meu grande perseguidor sou eu mesmo, eternamente sozinho comigo pelas ruas de Lisboa até um dia desaguar no teu cais.
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