Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A parte calma do que és


Sou parte quente do que vês, porta por fechar, chumbo por cair, vento por soprar, tudo o que vai escorrendo pela madrugada, não sou quem vai lutar, não vou ser eu a ter o teu melhor e rogar que sigam a tua mão, como só eu sei, como só eu.
Para descobrir depois, quando a luz voltar, que há ruas ainda por ver, árvores a crescer, muros a cair, tudo mais forte que o norte, tudo a escorrer pelo vendo, jardins por regar e noites inteiras por dormir, há lápides a escrever e poucas histórias por contar, há um tempo novo que só os velhos esperam, os que de corpo de perduram nas imensidões negras das horas que não se perderam um no outro, se há parte fraca no que és, eu não tenho parte forte que te salve.
Procura e encontra, pergunta e descobre, agarra e prende, mais forte que a vontade, mais perto que o toque, a parte calma do que és é rio no caminho do que somos.

domingo, 25 de maio de 2014

Deixar ir

Nada é para sempre, se restringíssemos esta simples ideias nas idiossincrasias mentais que nos guiam no dia a dia tudo seria mais fácil, eu ouvi, eu esperei pelo dia em que tudo se fosse, tudo caminhasse para outro caminho que não o meu e me mostrasse que se eu me mantivesse aqui, a minha alma não seria livre, eu não seria eu.
Repetir o passado, quando os teus braços me dizem que sim, quando o meu tempo diz que não, por passarmos maus começos e assistirmos a finais menos felizes, queremos fechar livros antes do fim, apagar filmes sem os seus epilogos, somos almas cortadas pelo tempo dos que esperam sem tentar.
Tudo é mais fácil dito, pouco acontece, quando o abismo chama, nem tentamos agarrar, porque sabemos que estamos vivos, que precisamos de lembrar, que não deixamos ir nas inocentes chamadas do facilitismo agnóstico, mesmo que o corpo diga que não, mesmo que o tempo diga que não,

Não se deixa  ir quem leva mais do que deixa.