Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Conhecer

É preciso muito para saber, de que são feitos os Homens, de que matéria se enchem as estrelas quando brilham, de que cor tem o mel ao reluz do sol, como voa o oceano pelas correntes do mundo, é preciso dar, precisar de ajuda, ser tu mesmo, e de relance, preencher o mundo de toque, de visões solitárias, de tudo mesmo quando não se tem nada, porque é prciso muito para perceber, muito para ter a distância correcta do sonho e do real, da terra e do céu, do ser e do ter, para se perceber com o sentido certo o sentido das coisas, mesmo as erradas. As crianças e os adultos, precisam de dar muito, de pedir mais, de ser tudo e ter na perspetiva do imediato o tempo inteiro do espaço para, lentamente, ir desvendando os pequenos espaços intrínsecos das coisas, o vislumbre nulo dos olhos sujos do mundo e ir tocando com a alma os dedos gastos das obras do dia, vivendo em cada segundo a vida inteira das horas, notando, a cada pequeno gesto, a cada simples movimento, um sossego desassossegado do que o corpo precisa para não ser só, somente, um corpo, uma obra cara de vazio conteúdo. De que tens medo de perder, o que pensas se te perderes, o que sentes se te custar saber, que sacrilégio, que pecado, que dor, que amargura, que perdas de alma maiores e que silêncios tortuosos te chegam?

É preciso muito para se ter e muito mais para se ser quem tem.