Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Um Reino por Um Cavalo

Não dava o meu reino por um cavalo, não que tenha um reino imenso de frutos variados, com terras altas e mares novos. Não que exista pasto farto, casas bonitas e gente bem disposta. Nem é terra fértil em demasia, nem é solarenga em especial.
O meu reino tem a divina particularidade de ser meu, com o fado de mentir que já não se é novo. Tem o riso aberto e um pesado conhecimento, uma vida em movimento, sem tempo, aliada ao movimento eterno da humanidade fecunda. Vamos andando pela vida neste reino, com o que aqui há, com o que aqui se pode dar.

Não dava o meu reino por um cavalo, não se precisa de ir longe quando quem se quer está sempre perto, à distância de um gesto mesmo que este nunca se toque, nunca se encontre.
Somos os nossos gestos, somos os nossos valores e os nossos reinos não se trocam por cavalos. Porquê ir, quando é tão bom ficar,,,,

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fogo

Crepita lentamente na lareira, sem som, sem voz, sem o mínimo traço de humanidade que lhe caibam naqueles braços abraçados, naquela voz doce e no toque marcante que tem em nós. Dança, suave, atraindo qualquer um para si, num chamamento de ninfas além vida que nos levam à ternura da essência.
Arde como outra coisa qualquer. Calma, crepitante, com um toque de mágica. Nesta pequena luz, desta pequena lareira, está o segredo do mundo.
O fogo deu vida, o fogo deu luz, o fogo é a glória de quem pensa além de sua janela.
O fogo é alma, é vida, é roda de algo superior a esta gente.

Como tudo, como todos, engana. Quando o quiseres tocar, queima-te e avisa, eterno visitante da verdade do mundo, assiste no teu canto, que ao homem não lhe cabe o fogo.

Enquanto nos sentirmos tentados a tocar estamos tentados a viver, a ser mais que alguma vez sonhámos ser.