Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quarta-feira, 27 de maio de 2015

De Noite

Manténs as tuas preces por dentro pode ser que lá te curem, ouves enquanto correm pelo teu sangue devagar, entrando em soluços pelos mais profundos órgãos do corpo, entrelançando-se, amordaçando, e contorcendo cada parte de si num silêncio, numa quebra de fé, uma vez encontrei a paz e ela sorriu-me de desdém, vestia de branco, sorria, emanava música, pedia um toque de silêncio, era vaga e, depois, virou as costas, partiu, não me chamou, disse-me que perto teria respostas, não desistisse.

De noite, não se dorme enquanto o amanhã fica na penumbra do tempo, no breu do escuro, cada um na sua corrida, cada esperança no seu cavalo, não há respostas, não há perguntas,

Corre, destrói, arranca, parte, grita, solta,

A paz de longe sorri e sabe que cada  voo é único, cada choque mortal, cada toque especial, um dia voára com quem perdeu as asas no caminho,

De noite não, esta noite não.