A minha casa é só portas pelas paredes, nem um pequeno rasgo de luz nela entra, não se ouvem miragens de vidas nem subsiste nela a voz dos outros. Há em mim o desejo de fechar do mundo o proprio mundo que criei. Um fracasso. Um dia, depois de encher o estômago com iguarias mil, olhei para o fundo da rua, deslumbrando com a quebra do olhar quem comigo ia, que o nosso transporte se ia também. Falhamos a vida, Já li isto noutro tempo. E com ela falhamos tudo o que havia a falhar. Não criamos um mundo nem conseguimos melhor este que nos habita, incapazes de abrir janelas, fechamos portas e criamos vazios em espaços que ja ninguém habitava. Com isto deixá-mo nos seduzir pelo silencio até que perdemos a voz que nos deixava gritar.
Leva com o vento o resto de mim, pequenos farrapos de poder, pequenas trocas entre mim e eu, nunca ficando mais que nada, nunca perdendo algo que não tudo.
Pelas portas ouve se o vento de fora, os carros que passam e as pessoas que nascem, dentro delas existo, mentira, subsiste, vegeta, principia no fim de si mesmo, um ser que não sei quem é. Como janelas não as há fiquemos pela curiosidade de quem um dia diz que ouviu dizer de alguém que não conseguia ver, que ali entrara alguém, simplesmente por ali havia ficado.
Não se sabe quanto, não se sabe porquanto, apenas reza a história que falhado da vida se entornou nas portas, esperando contudo um dia ter forças para nelas criar labaredas e enchentes de fogo nos céus do mundo, esperando contudo um dia ser sonho mais forte que este que perdeu a força de sonhar.
Aqui diz-se quando ninguém deixa. Aqui manda-se vir sem os gajos ricos deixarem. Aqui fala-se... E fala-se... Por ser isso que nos mantém vivos
Balelas (ou não) da Rua
Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra
terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Os Bichos
Deixa me no silencio das escadas onde nada se mira senão o proprio silencio contorcendo se de pasmos dolorosos a cada volta que torce sobre si mesmo. Passam por mim baratas rastejando nas cadas de Madeira pútrida onde me sento, bichos de nojo, repugnos da decadência humanista em que caimos no dia em que nos pariram, raivas milagrosas de um santo que mal via, pequenas almas de alguém que só voa se partir a asa de outro bicho que tal.
Comem se inteiros noutro canto, uma aranha gorda outra mais pequena, indefeso, sem armas, sem voz que pedisse, Acudam que não posso mais, sem mesmo os braços que não esperneiam pelo ar como bastões loucos ao vento, come e deixa se ser comido ao entrar nas entranhas de quem comeu, deixa se ir porque sabe que o seu tempo morreu.
Noutro dia que não esta, residiam aqui duas rolas, pequenos bichos barulhentos que esvoaçam o pó pelo ar, pequenos espanadores sem tino ou controlo, inquietas, parecendo sempr escalar uma com a outra, vizinhas apostólicas da eterna Lisboa sem assunto extra senão os assuntos nos outros. Um dia, juro que um dia, ouvi, e juro que ouvi com os ouvidos que me não deram, sussurarem em altos modos que a rola do quinto esquerdo tinha caído de um telhado empurrada pelo marido que batia de aflição por ter sido apanhado a voar com mais que um pássaro na mão, de uma vez, a pobre coitada desviou o olhar e caso não fosse caso de criar vasos na rua do outo, partilhou se a dor com a asa partida e toda a garret assistiu calada ao esforço inútil de cair de pé.
Por fim, no castanheiro do bar do Carlos reside um pequeno morcego cego da noite, não há milagre nem álcool que lhe encha de sangue a visão e o faça ter na cara as vistas de fumo que lhe entram no pulmão.
Fosse Lisboa so zoológico e residiríamos em paz nas jaulas do mundo, zoológico ja o é, jaulas ainda as não tem.
Comem se inteiros noutro canto, uma aranha gorda outra mais pequena, indefeso, sem armas, sem voz que pedisse, Acudam que não posso mais, sem mesmo os braços que não esperneiam pelo ar como bastões loucos ao vento, come e deixa se ser comido ao entrar nas entranhas de quem comeu, deixa se ir porque sabe que o seu tempo morreu.
Noutro dia que não esta, residiam aqui duas rolas, pequenos bichos barulhentos que esvoaçam o pó pelo ar, pequenos espanadores sem tino ou controlo, inquietas, parecendo sempr escalar uma com a outra, vizinhas apostólicas da eterna Lisboa sem assunto extra senão os assuntos nos outros. Um dia, juro que um dia, ouvi, e juro que ouvi com os ouvidos que me não deram, sussurarem em altos modos que a rola do quinto esquerdo tinha caído de um telhado empurrada pelo marido que batia de aflição por ter sido apanhado a voar com mais que um pássaro na mão, de uma vez, a pobre coitada desviou o olhar e caso não fosse caso de criar vasos na rua do outo, partilhou se a dor com a asa partida e toda a garret assistiu calada ao esforço inútil de cair de pé.
Por fim, no castanheiro do bar do Carlos reside um pequeno morcego cego da noite, não há milagre nem álcool que lhe encha de sangue a visão e o faça ter na cara as vistas de fumo que lhe entram no pulmão.
Fosse Lisboa so zoológico e residiríamos em paz nas jaulas do mundo, zoológico ja o é, jaulas ainda as não tem.
Ninguém disse
Ninguém disse que seria fácil olhar o sol de frente ou boiar em aguas pouco profundas sem marcar as gostas com o grosso arranhão de quem por baixo imóvel se vê sedento de sangue, ninguém disse que seria fácil inventar o luar quando nós mesmos perdemos toda a luz, ninguém disse que nos perderíamos se um dia nos quiséssemos encontrar.
E agora se partirmos cada um para sua parte nunca saberemos o que um dia podia ter nascido, sabemos apenas que de quimeras nao se faz historia e que a luz nao reside em nós, seres da escuridão.
Voltamos ao inicio, cada um consigo mesmo e a solidão com todos nós...
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