Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Ninguém tropeça nos dias

Ninguém tropeça nos dias, contudo tropeçaria em ti milvezes na mesma rua até vires que o meu rosto está perante o teu como o de uma criança junto de uma loja de doces, a mesma inocência capitalista que nos faz assoberbar tudo num único travo de existência, assimilando todo o conteúdo numa única dentada e absorvendo toda a malícia num único toque de desilusão.
Podes vir amanhã se acreditares que não é tarde, podes vir de manhã se não pensares que é cedo, podes ir ao mar se julgas que sabes nadar, podes, podes, podes, posso, posso, posso e silêncio, todos podem o que ninguém é capaz de fazer.
Somos capazes de acreditar no mesmo deus, ou em nenhum caso subsista algum caso de dúvida, somos capazes de partilhar a mesma chávena, sem receios ou modéstias, somos capazes de guardar os mesmos pensamentos numa caixa obscura no quanto esquerdo da nossa memórias, somos incapazes de concretizar, de agir, de fazer, há toda uma dormência de espírito que nos inócua o corpo e nos dá sede.

Ninguém tropeça nos dias, ninguém nos tira a sede,
Senão nas manhãs, senão em todas as manhãs de todos dias em que tropeço em ti.