Ainda me escapa de onde a saudade vem, hirta como uma espada, passando devagar pelas almas que possuímos, cruzando caminhos perdidos pelas ansiedades do corpo, a palavra saudade é tão pura como culpada, tão verdade como as pedras que pisamos e no entanto não a vemos, só choramos. Ainda me escapa de onde vem a saudade que dói devagar, aquela que vem e não passa, que dorme connosco e nos deixa não sonhar, deambulando nas amarguras do coração, deixando-se ir com os tempos e tempestades, ficando-se pela garganta das palavras, sem nunca dizer, sem nunca andar, sem ser dentro de si, sem ser dentro de nós. Ainda não se de onde vem a saudade mas sei que de ti nasceu, viva, com o encanto que lhe é própria, por enquanto, por ser tanto, por ser vida, enquanto demoras, enquanto esperas e nos tempos idos que custam a passar ela passa por nós, aliás, passa connosco pelo ferro e fogo do tempo, pelas mágoas e sorrisos, pelo tempo e pelo vento, por ser tudo o que temos quando não estamos, por ser tudo o que queremos quando não tempos, por ser a vida que temos enquanto a gente for viva.
Ainda não sei de onde a saudade vem mas sei que vai contigo para onde fores, comigo.