Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ecce Homo - Eis o Homem


Ecce Homo
Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.

Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.

Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,

Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos.
Ary dos Santos

Eis o Homem que tantos buscam e ousam jamais encontrar.
Eis a alma esmurecida pelas forças da razão
Eis a força da natureza
Eis o Homem
Nós

Nós
Somos o Homem
Que cria o mundo a cada momento
Que reinventa a existência a cada minuto
Que para de respirar e para sempre vivi no mundo dos outros

Urgente!


É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Eugénio d'Andrade

É urgente partir para onde alguém nunca foi, colonizar o que alguém nunca pisou.
Ou seja, é urgente o criar e o ser criador.
Porque o Maior Deus está à distância de um espelho, só nos falta conseguir olhar.
Nascemos, Criamos e Morremos ao criarmos o nada que tudo engloba e partimos como o vento...

Vamos como o vento sem saber de onde e desconhecendo a imensidão da nada que
tacteamos ao passar discretamente pelo mar aventuroso da existência anulada.

Que nem deidades exiladas percorremos e somos percorridos, umas vezes por nada,

outras por tudo, outras apenas pelo molde marcado pela ausência do tudo que ousávamos nosso.

Partir é morrer. Chegar é renascer.
Renascer para a vida que a morte não tarda.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Silêncio


O Maior silêncio é aquele que se ouve quando tu te afastas.
O Maior silêncio é aquele que tu insiste em pronunciar.

Para quando o regresso? Virás de Novo?