De frente para o Tejo, aliciando a ponte com a sua majestosa impotência, prepotente, eloquente,olho so uma vez para ver quão bonita e esta avenida,este espaço recheado de vida e o riso das crianças na calcada,nao podia ser doutra maneira. Mãos vazias, cheias de nada, mundos quadrados e quadros pintados, de tanto nos esquecemos, senão do sorriso, nunca se esquece o sorriso de quem gostamos.
Neste mesmo quarto so comigo e com este cadeirão frágil de memória,aguardo a lua, finda a tarde, que ela entre neste espaço vazio, compadecida Madeira no soalho e vestes vermelhas nas paredes nuas, que a tua voz entre nele como a luz da lua,sonolenta, Nigéria, compadecida comigo.
Neste mesmo cadeirão, assento a tua alma na minha e juntos, abraçados, aguardamos o fim do mundo, hirtos, comparecendo a cada um os desejos de cada qual, solitários e nunca mais sozinhos, aguardamos o fim do mundo, ou o nascer de um novo dia.
Os meus olhos lentos abrem se ao mundo, continuo no cadeirão vermelho, ele esta igualmente sentado comigo, a janela aberta transparecendo um frio que me aquece a solidão, mar manha, talvez um dia venhas nascer ao mar, tecendo o horizonte e laminando a história de uma nova fonte.
Eu nasci noutro lugar donde se vê o mar tecendo o oceano, onde gaivotas voam livres e barcos se fundem a costa.
Deixemos espaço ao mundo para ele inventar eternas formas de sermos nós, de estarmos sós na companhia de novas gentes...
Ate ao mar lhe faltam barcos a deriva.