Na mesma rua só nos vemos porque a chuva passou, o tempo queima, o tempo passa, e eu não fico. Vejo-te ir, sabes que se vieres amanhã, tenho riscos de mais para ficar de quadro aqui para sempre, se ficares no mesmo deus, não há laços que se te fiquem que não os teus, devolve-me o que de mim te sobra, apenas isso e nada mais.
Andamos em voltas, na mesma rua, no mesmo tempo, há rastos demais na calçada. há corpos demais no teu, se quiseres voltar deixa-te ficar longe que aqui fica espaço para novos vintos que virão, devolve-me os laços que esses não encontro mais.
E o rio segue, um quanto indifirente ao que sonha um homem sem casa, que ao frio e à chuva subsiste sobrevive e segue, sem laços e sem tempo, Olha o sonho onde ficou, tão longe, tão perto, estivemos muito longe para o ver ao lado.
Sozinho, ao frio, só os sapatos tremem no chão, vibrando na alma daqueles que pouco mais têm.
Aqui diz-se quando ninguém deixa. Aqui manda-se vir sem os gajos ricos deixarem. Aqui fala-se... E fala-se... Por ser isso que nos mantém vivos
Balelas (ou não) da Rua
Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra
segunda-feira, 4 de março de 2013
Alto
Longe lá no alto, queria mais altas as estrelas, maior o tempo, mais criador quem me fez, o fogo mais quente e o mar mais revolto, mais azul, com mais cavernas, com mais beleza onde nos podéssemos perder, com almas mais abertas, mais montanhas e pássaros, mais sangue perdido nos caminhos da conquista.
Ainda mais alto, abrir os abraços, cair o vento na face, seda, sentir leve o tempo a queimar as ondas da minha pele, mais alto, mais alto que não cansa mais, não nos perdemos mais, não somos mais perto dos outros por queremos estar longe de nós.
Acaba a tarefa alto, um dia mais contente, serenamente como uma criança, em paz com a dor como quem dorme no berço uma criança perdida nas valas do sono.
Ainda mais alto, abrir os abraços, cair o vento na face, seda, sentir leve o tempo a queimar as ondas da minha pele, mais alto, mais alto que não cansa mais, não nos perdemos mais, não somos mais perto dos outros por queremos estar longe de nós.
Acaba a tarefa alto, um dia mais contente, serenamente como uma criança, em paz com a dor como quem dorme no berço uma criança perdida nas valas do sono.
Subscrever:
Mensagens (Atom)