Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Nossos

Um teimoso sorriso, sobe pelas escadas devagar, hirto pela dor que transporta e no cimo mais alto de si mesmo vangloriza o mar que outrora rasgou, nas pequenas margens que deu, aos grandes oceanos onde nunca chegou, e tudo com isto passa ingloriosamente, chegando a vales profundos e ocos mistérios, onde pequenos mundos dormem e outros se deixam mirar em barcos vazios, sem rumos, sem derivas, em todas as margens onde nunca nos vimos, em todos os portos que não abandonámos, desce um véu de silêncio por dentro de ti, deixa, assim, ir, sem teres medo de te perderes outra vez, sem medo de teres nos vales o silêncio da gente, o grito do eco, pede-me que vá e irei, que fale e gritarei, ficaremos assim perdidos um no outro até aos dias se perderem connosco, crescendo dedos finos, embalando o destino que é só nosso e deixa,

deixa-te ir

no meu canto vou contigo, pede-me a viagem e dar-te-ei o mundo, já não há silêncio que quebre a luz, ou palavra que traga escuridão,

deixa-te, deixo-me

somos nossos