Tropeça em mim e não pares, deixa-te ir, no sofrego do vento que vem de norte, deixa o gemido sufocar no teu peito e a minha mão no teu corpo queimando, deixa-te levar, eu sei quanto eu tive, deixa-te ir aos poucos, em lentos fragmentos de ti que não te fazem o todo. Não olhes para trás, deixa os meus passos de bicho livre pela estrada marcarem o passo, o instinto dos astros que desfiz. Eu sei que sons existiram e não resistiram ao silêncio dos olhos, às cicatrizes das palavras que calam o que não esqueci.
Tropeça em mim e segue. O que fica é meu, e meu andará pela forma perdida dos vendavais, pelo sinuoso caminho do tempo.
Tropeça em mim e vai.
Não fica nada além dos teus passos.