Perdi demasiado tempo, gritou aquela alma lá do fundo vestida de vermelho brilhante, sedoso, tipicamente trabucado, iria longe, não sei, mas levava me cosigo para o mesmo sítio onde desalmam os corpos sedentos de vazio, Não sentem isto também, não?, aquela mulher não se calava, se pudesse agarrava com os próprios dedos a alma e despia das roupas que tivesse tatuando o corpo de tudo o que sentia. Começou a correr. Eu corri. Aquela imagem perto do cais quebraria muitos ecos descontraídos, duas pessoas velozmente separadas corriam para nenhures com a intensidade de quem descobre países em cada esquina e cria mundos em cada passo largo, o tempo nao mente nestes casos, o aviso era o ultimo e a corrida a primeira de todas elas.
Há que ir mais longe, mais rápido, fugir a percariedade prolixa da rede humana que nos compreende entre dois tectos, o que somos e o que verdadeiramente pudemos ser. Se nos víssemos ao espelho naquele momento estaríamos transparentes, sem qualquer humanidade que se pudesse reflectir em peças trabalhadas pelo homem. Fica mais perto. Que norte, não queríamos o norte, queríamos o caminho e como nunca o encontramos corremos em busca, nao do caminho, mas do horizonte sem fim, onde juntos pudéssemos ser mais, onde juntos nos calaríamos nas palavras. Sem sentimentos. Sem a razão. Verdadeiramente vazios, prontos para beber no mundo a sede das florestas e o voo livre dos oceanos.
Aqui diz-se quando ninguém deixa. Aqui manda-se vir sem os gajos ricos deixarem. Aqui fala-se... E fala-se... Por ser isso que nos mantém vivos
Balelas (ou não) da Rua
Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Mãos Abertas
De todas as circunstancias vulgares não nos resta memória nem mesmo sede de algo, não obstem em nós o momento de recordação, esquecemos de ouvir aquele som, passageiro, ido no vento como uma emoção vazia, um torpedo de nada que se lança no vácuo. Perdemos assim fragmentos da alma, pedaços circunscritos de nós que nos deixam no ar, levando e dançando ao vento.
Abre as mãos, vê nelas cada traço perdido, cada linha entorpecida e erodida pelo tempo, sente cada calo e cada dor que por aí passou, cala em silencio messe momento. Traz contigo a saudade do tempo em que eras criança e, com exactamente os meus sulcos calcificados em cada mãos, brilhavas com o olhar perante o vislumbre do poder das tuas pequenas mãos salvadoras de luas e criadoras de castelos, objectos totipotentes de criação divina.
Hoje nada mais são que um rasto vazio do deserto em que nos tornámos.
Pequena recordação do tempo que perdemos sempre que perdemos tempo.
Abre as mãos, vê nelas cada traço perdido, cada linha entorpecida e erodida pelo tempo, sente cada calo e cada dor que por aí passou, cala em silencio messe momento. Traz contigo a saudade do tempo em que eras criança e, com exactamente os meus sulcos calcificados em cada mãos, brilhavas com o olhar perante o vislumbre do poder das tuas pequenas mãos salvadoras de luas e criadoras de castelos, objectos totipotentes de criação divina.
Hoje nada mais são que um rasto vazio do deserto em que nos tornámos.
Pequena recordação do tempo que perdemos sempre que perdemos tempo.
Maresia
Reza no mar que as palavras nos beijam, torturando os nossos doces lábios com o sal de muitas esperanças vãs, circundando cada porção de carne de um desejo loucamente ardente de desgosto, de colorir a sede com cores vivas e cobrir de tectos os oceanos do mundo, só para poder, só por poder, escrever em cada Madeira, torturar cada distracção das tábuas e cada papel abandonado, os silêncios que nos vêem abraçar contra o mundo.
Caso um dia consigamos transpor em risos os olhos que nos tocam, circunscrevendo com letras reveladas o toque que não vem, nas noites que brilhas, elevemos a lua a eterna criança que há em nós.
Neste pequeno mar sem sim onde me cruzo, as ondas vêem de longe, profundas, decalcadas na areia em cilindros estáticos, queria aqui ser como vós, vir de longe rodando imenso, debruçando sobre o mundo toda a alma imensa que não a tenho. Perder a humildade dos audazes, fazer tsunamis pelo mundo, rir na solidão e desprezar a maresia com ar de quem hirto se aguenta ao vento.
Hoje não! No fim do dia perdemos na forca a distancia imprecisa do luar, as palavras ganha, novos contornos e o preto ganha escuridão. Enquanto o mar toca nas pedras roliças que o assistem, vejo no seu reflexo que não me vejo, não tem rosto o sol que não brilha.
Subscrever:
Mensagens (Atom)