Gastámos tudo, gastámos o silêncio nos becos, os olhos com o sal de lágrimas que caíam sem sentido, gastámos as algibeiras de procurar o que nunca existiu, gastámos o ar com o bafo de muitos cigarros sem sentido, e as palavras com os poucos significados que lhas damos, a verdade com as vezes que duvidámos dela e as muitas outras em que não as usamos. Gastamos os segredos com a luz da manhã, o oceano com o pouco dos olhos de tantos outros que o miravam, a solidão com a companhia de ninguém e a multidão ao não acontecer nada.
Antes que de tudo se faça nada, tenho a certeza que todas as coisas estremecem, todo o mundo se finda por segundos, no silêncio de uma lágrima, com a voz mais trémula, não há mais nada a dar, não há mais garra a sentir, estão gastas!
E quando tudo faltar, sabes que de ti faltará também tudo, o passado é inútil, a vida está gasta
Adeus a Maugham e a todos os que dele falaram