Os meus pés assentavam na mera existência de tábuas de ferros forjadas a suor.
Senti a apoteose da minha existência. O mundo, sob a forma de vento incisivo, a arrastar-se sombriamente com a ondulação do meu cabelo. A subida lenta, sensual como cem mãos de uma mulher, pelo meu corpo, até ao pico da minha existência. Aos pés o prazer de sentir o chão que pisamos, aos pés o dever de marcar a nossa existência, aos pés o peso de suportar a existência inteira; mas não aqui, mas não agora. Os meus pés não suportavam a minha existência; a minha existência, furtiva, assegurava os meus pés. Era o êxtase na forma de trémulos receios. Cansei de viver no pasmo.
Como olha Ele o mundo de frente, mesmo sabendo que ninguém o olha nos olhos, mesmo sabendo que estamos fartos de Seus pés.
Guardarei aquela imagem para toda a existência. Ele olha de alto, não de frente; tem medo que se saiba que Somos da mesma altura; têm receio que possa causar protuberâncias existenciais Eu só quero saber quem sou.
Meus pés estão mais altos que os Dele, mas minha cabeça não se ergue além do calcanhar.
Inverti a minha vida num ímpeto entusiástico a que chamamos fartos. Cabeça trocou de lugar com os pés e subia descendentemente o meu caminho até à transparente poluída água. Aí senti o vento mas não solidão. Sei que tu estás comigo, abraçada a toda a minha existência. Sei que tu não me abandonarás perante as forças adversas do destino, pelas mãos da gravidade. Cansei de viver no pasmo; Morrerei na excitação da existência.
Estou arrependido de não ter adiado, ou a morte ou a vida. Vejo o rio a narizes de distância. Vejo o rio a cabelos de distância. Senti o rio chapinhar como vinte facas cilíndricas percorrendo as margens ténues do meu corpo.
Silêncio. Silêncio. Silêncio e nada mais que silêncio.
Toda a minha existência rompeu pelas ténues linhas que delimitam a água e vi-te de frente.
a página perfeita ...
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