Ontem onde os problemas eram pequenas lágrimas caindo hirtas pelos esgotos da cidade partindo ao rio, que as levaria eternamente ao mar, repousando plácidas nas costas do tempo, deus da vida.
Ontem não sabia que não o dirias, que o silêncio era a tua forma de chegar a mim, de dizeres sem usares a lâmina das palavras, era um jogo tão fácil, a minha mão sobre a tua e o mundo nosso tempo de vida.
Hoje acredito em ontem, acredito com a fé que me resta nos tempos em que o sol brilhava nos erros e o reflexo da tua cara na água era o espelho lívido onde eu renasci, sempre e todas as manhãs à espera para te ver. Desde o primeiro tempo, ao primeiro instante, num ontem muito mais afastado do passado, há coisas que não se dizem nunca, veladas pela mudez que tantos cobre a sede.
Acredito no som. O silêncio é demasiado cheio para ter certezas, mas muito mais profundo, muito mais nosso, tanto mais passado.
Ontem fomos tanto e hoje somos apenas o infinito à espera de tempo.
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