Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A parte calma do que és


Sou parte quente do que vês, porta por fechar, chumbo por cair, vento por soprar, tudo o que vai escorrendo pela madrugada, não sou quem vai lutar, não vou ser eu a ter o teu melhor e rogar que sigam a tua mão, como só eu sei, como só eu.
Para descobrir depois, quando a luz voltar, que há ruas ainda por ver, árvores a crescer, muros a cair, tudo mais forte que o norte, tudo a escorrer pelo vendo, jardins por regar e noites inteiras por dormir, há lápides a escrever e poucas histórias por contar, há um tempo novo que só os velhos esperam, os que de corpo de perduram nas imensidões negras das horas que não se perderam um no outro, se há parte fraca no que és, eu não tenho parte forte que te salve.
Procura e encontra, pergunta e descobre, agarra e prende, mais forte que a vontade, mais perto que o toque, a parte calma do que és é rio no caminho do que somos.

Sem comentários:

Enviar um comentário