Está demasiado frio hoje, o café não me aquece, o fumo não me enche, a noite reluz levemente numa pequena lasca de dia a bruxulear pelo horizonte, quem diria que serias tanto, olhamos para trás e fica sempre um espaço pequeno, só nosso, por preencher, um receio de não ter dito tudo, um sonho ao acordar, damos as mãos e tudo faz sentido, o mundo para ou simplesmente somos nós que paramos para o mundo e olha-me, uma última vez, o contorno é o mesmo, o castanho o teu, secreto, reticente, feliz, apenas quem nos conhece sabe ler o que ninguém ousou ainda escrever.
Chegou o momento, onde a gente fracassa, onde a única coisa é coisa nenhuma, não sabia que podias ser tudo, há medo, não interessa, encontro-te na escuridão e juntos seremos luz, procuro-te no silêncio e juntos teremos voz, desenlança as mãos e não esperes, cada toque teu é eterno, apenas tu podes ser sorriso, apenas tu podes...
Tudo roda, a visão fica turva, o fumo enche a sala, não sabemos como, já nos perdemos onde.
Nós não temos sítio, já não somos tempo, não temos espaço, falta o ar, o medo vem. Tremes, tremo, não sei que dizer, sei-te olhar e desejar sempre ser o espelho dos teus olhos, a chave de todas as portas, a janela de todo o tempo. Cala, fica, foge e não esqueças...
Temos o infinito e tudo o que quisermos dele será nosso.
Até lá, até já. Sempre.
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