Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Deixa Esfriar

Está frio e eu não o quero, estar dor que me abraça os sentidos e me leva ao barco mais só de todos os navios, esta tortura mental que me faz vaguear pelo mundo como um pária à espera de caridade... A caridade que não quero nunca.

Podes mandar se for sincero, podes vir se for o que quero,
Esta saudade nasce de braços abertos,
Este frio cresce a tempos certos
E nada mais se pode querer quando é o frio que nos faz desejar,
Quando é o frio que espero.

Queria ser mais alto que as estrelas, mais largo que o espaço e maior que o tempo,
Ser mais verde que os campos e mais verdadeiro que a paz,
Queria ser o mundo inteiro e a árvore mais bela,
ser um condor a voar pelo espaço despercebido,

Queria ser uma caravela para nunca mais parar, queria ter velas a que o vento possa soprar,
Abrir estes braços e viver a vida como lume renascido,
Como vento que sopra como mar que ondula

Acaba a tarefa e mais um dia é tempo de adormecer
Serenamente como num berço de criança,Serenamente como pareço uma criança
E acabando isto e mais um dia a dor adormecer,
Já não há berços que sustentem crianças
nem crianças que durmam em berços.

Figura num espelho um espaço que já não me pertence, vaguei nestas pernas o corpo que já não me sustém, preciso de ir além das coisas, passar além deste tempo.
Contudo, deixemos esfriar, que frio é coisa que não nos falta mais.

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