Na mesma rua só nos vemos porque a chuva passou, o tempo queima, o tempo passa, e eu não fico. Vejo-te ir, sabes que se vieres amanhã, tenho riscos de mais para ficar de quadro aqui para sempre, se ficares no mesmo deus, não há laços que se te fiquem que não os teus, devolve-me o que de mim te sobra, apenas isso e nada mais.
Andamos em voltas, na mesma rua, no mesmo tempo, há rastos demais na calçada. há corpos demais no teu, se quiseres voltar deixa-te ficar longe que aqui fica espaço para novos vintos que virão, devolve-me os laços que esses não encontro mais.
E o rio segue, um quanto indifirente ao que sonha um homem sem casa, que ao frio e à chuva subsiste sobrevive e segue, sem laços e sem tempo, Olha o sonho onde ficou, tão longe, tão perto, estivemos muito longe para o ver ao lado.
Sozinho, ao frio, só os sapatos tremem no chão, vibrando na alma daqueles que pouco mais têm.
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