De todas as circunstancias vulgares não nos resta memória nem mesmo sede de algo, não obstem em nós o momento de recordação, esquecemos de ouvir aquele som, passageiro, ido no vento como uma emoção vazia, um torpedo de nada que se lança no vácuo. Perdemos assim fragmentos da alma, pedaços circunscritos de nós que nos deixam no ar, levando e dançando ao vento.
Abre as mãos, vê nelas cada traço perdido, cada linha entorpecida e erodida pelo tempo, sente cada calo e cada dor que por aí passou, cala em silencio messe momento. Traz contigo a saudade do tempo em que eras criança e, com exactamente os meus sulcos calcificados em cada mãos, brilhavas com o olhar perante o vislumbre do poder das tuas pequenas mãos salvadoras de luas e criadoras de castelos, objectos totipotentes de criação divina.
Hoje nada mais são que um rasto vazio do deserto em que nos tornámos.
Pequena recordação do tempo que perdemos sempre que perdemos tempo.
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