Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Maresia

Reza no mar que as palavras nos beijam, torturando os nossos doces lábios com o sal de muitas esperanças vãs, circundando cada porção de carne de um desejo loucamente ardente de desgosto, de colorir a sede com cores vivas e cobrir de tectos os oceanos do mundo, só para poder, só por poder, escrever em cada Madeira, torturar cada distracção das tábuas e cada papel abandonado, os silêncios que nos vêem abraçar contra o mundo. 
Caso um dia consigamos transpor em risos os olhos que nos tocam, circunscrevendo com letras reveladas o toque que não vem, nas noites que brilhas, elevemos a lua a eterna criança que há em nós.
Neste pequeno mar sem sim onde me cruzo, as ondas vêem de longe, profundas, decalcadas na areia em cilindros estáticos, queria aqui ser como vós, vir de longe rodando imenso, debruçando sobre o mundo toda a alma imensa que não a tenho. Perder a humildade dos audazes, fazer tsunamis pelo mundo, rir na solidão e desprezar a maresia com ar de quem hirto se aguenta ao vento.
Hoje não! No fim do dia perdemos na forca a distancia imprecisa do luar, as palavras ganha, novos contornos e o preto ganha escuridão. Enquanto o mar toca nas pedras roliças que o assistem, vejo no seu reflexo que não me vejo, não tem rosto o sol que não brilha.

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