Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

100maneiras

A verdade mora longe, onde não faz frio, a verdade faz cambalear, tem grades de ferro e chão de mármore branco, a verdade tem paredes altas e tectos redondos, não tem saída e não se conhece entrada, verdade é casa mais alta, é monte virgem, sabe a terra pura e a pão quente, a verdade sabe a tudo e ninguém lhe conhece sabor.
A verdade queima mais, faz ferida no corpo, rasga a pele e arranca pedaços de alma, faz círculos na cabeça e pontapeia estômagos. A verdade é vontade de agarrar, é força para destruir, é corpo de felicidade e mata quem não dorme.
A verdade não dói mas magoa, não brilha mas queima, a verdade faz, a verdade desfaz, a verdade reza terços nas madrugadas e queima ondas ao luar, ela não sabe, ela não sonha, ela faz, ela tira, ela põe e dispõe dos que têm disposição.
A verdade é o caminho mais fino, mais longo, uma múmia calma e um pássaro sem bando, um guerreiro na frente, uma língua mordida, um beijo no pescoço, é cheia de lembrança e não se lembra de te ter.

Vá, anda, não queres ser quem viu e não quis ver,
Quem ardeu e não queimou,
Quem perdeu e não deixou.

A verdade de cada um não faz verdades de ninguém.

Sem comentários:

Enviar um comentário