Chove. Enquanto as gotas de água teimam insistentemente abraçar-me em pequenos toques de luxúria, eu ando pelas ruas de Lisboa, mesmo parado sinto que ando. Não sei se o destino que me cumpre é motivo suficiente para mover este corpo dormente pelas estradas que já tantos pisaram. Onde faltam estradas novas se todas nos levam aos sítios de antes?
O tempo entorpece, a chuva teima em não parar. Vejo rostos, fitando sombras que ninguém vê e rostos que ninguém toca. Esta empatia circula como o vento, afastando as almas para pólos de solidão.
Perante a chuva, afastados de todos, sentamo-nos. Parados. Inertes. Tropegos.
Enquanto esperamos pelo fim do mundo, bebamos café, juntos connosco, a sós com os outros.
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