Depois de despido da razão imensa glorificadora de distancias longínquas e desencontros perenes, morre se de sonhos numa solidão grave, destruidora, que nos perpetua num espaço oco e vazio circundados de morte e desejos por cumprir, depois de me tirada a razão nada me sobra, nem lamentos, nem murmúrios vagos, vazio de desejos crepitantes e margens por cumprir. É teu também este vazio, de ti só me ficam lembranças em sopros de vento que me trucidam em cada segundo, agonizantemente trespassado pelo vento do norte.
Seguidamente de nos tirada a razão e de constatarmos a lucidez que sem ela nos invade, desejamos um novo espaço, cansado, com palavras, com desejo, com o fumo dos bares onde nos sentamos e as mesas que nos ouviram inundar de espasmos os pequenos gestos que nos traziam a madrugada. Por nós lançada na estrada, pequena, desamparada, desencantada de génios mais altos mas que mesmo assim brilhava sem ninguém ver, só nós que sabemos gritar de dor.
Entrelacemos as mãos, inocentes criaturas da noite, saibamos que nesta cidade fomos loucura, fomos espaço cumprido e sonhos de lume ardente onde tantas vezes os corpos de confundiram em chamas escarlates alcançando o céu em nevoeiros e neblinas. Chegamos mais além, sabe os que ainda iremos rasgar a solidão que nos fixa extinta a madrugada, mais longe, sem nunca esquecer o latente desejo de nos perdermos juntos.
O penúltimo estagio, estagnar a bonança do povo orgulhoso e saudosista, vencidos de guerra e soletradores de mortes, eternos escravos da bonança, jamais idos nas viagens do tempo pois estão estancados em mundos novos que já não os há. Aqui perde se a esperança de ter sangue para ferir, de ter rasgos na pele que testemunhem a luta. Somos ar e temos fome de voltar onde os corpos de principiam, atrás das nuvens dos deuses, além no mar perfeito.
Por fim, pelo medo e pela bondade, nos chega a manhã. Contra o tédio e a poesia, nascemos juntos, pela liberdade, criada a claridade de toda a nossa verdade, sabemos dizer sim, sabemos sair juntos da maré cheia, fragilmente renascidos por dentro.
Já não há o desencanto, lutamos contra o medo e a anarquia, contra a opressão e o milagre, sabemos que mais que a razão temos todas as manhas da vida para renascer e dizer sim!
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