Há quem viva consigo na esperança irreduta de chegar à altura dos deuses, esperando uma panaceia inglória de vastas palmas e olhos sôfregos de admiração, uma perdição celestial de quem nutre vazios por dentro, incalculando miraculosamente com souvenirs estrangeiros ou estados de espírito simplesmente passageiros. Os sonhos dos outros a nós nos dizem nada, a podridão de quem passa só nos deixa miragem a quem fica. Pela noite dos audazes caminhemos desinteressados esperando que pela aurora nos seja entregue não a glória, não o céu, mas simplesmente sede, mas simplesmente fome, mas simplesmente esta angústia de querer, algo que nos faça simplesmente sentir. Não precisamos de ir além nem de sonhar o que não nos pertence, deixemos ir o comboio e passeamos descalços por cada pedra rolante, ferindo a cada passo uma existência que não se queima jamais.
Deixemos os outros sonhar enquanto os nossos sonhos não cabem na noite,
Serão sempre eternas manhãs de luz.
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