Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Até ao mar

Perder as rugas que nos trazem pedaços de alma em cada fortificação alheia, em cada cotorno deste corpo gasto, desgastado pela areia do tempo e pelos testes do destino. Irias até ao fim para perder o que não quiseste ganhar, esquecerias a vida sem remorso e sem saudade?
Quisesses ser rio só e irias até onde por um momento de gozo ou uma corrente mais forte onde sentisses cada brisa como um épico momento de dor, uma contracção extenuante do corpo, um prazer totalitário de quem sente mais, de quem sente melhor. Desespero dos corpos, faltas das almas, não olhes oara trás, continua em frente, desiste do tempo, desiste das pontes, nada e corre, sem perder mais que tudo, sem esquecer menos que nada, vai longe, corre, vai longe, não pares, percorre os sítios recônditos dos outros até encontrares aquele que te pertence.
Não pares até encontrares o fim do mar, o término do horizonte e a expansão dos corpos. Irias até lá se soubesses que não te irias encontrar?
Sentes, amas, vives de novo?
Irias mais longe se soubesses que não há fim? Se soubesses que vazio serias mais forte, quem sem ti serias mais?
Irias mais longe se soubesses que afinal te perdeste no início?

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