Há nela um sossego irrequieto de quem não quer pensar, apenas fluir pelas manhas do tempo caindo nos interstícios uma e outra vez, roçando se vagarosamente no mundo, numa ataraxia fluida, uma espécie de paz, um toque de pranto, saber ser pela eternidade o que a eternidade souber que ela é.
Perdeu-se ali sem se aperceber, ainda há pouco reluzia no Tejo as imagens esvoaçantes do seu vestido em contraluz com um sol ja gasto pela tinta vermelha ocre da ponte que nos leva além margem. Sabia de si própria um estranho sentimento de quem corria contra algo ou para longe de alguém, uma brunirão espiritual que não lhe revirava os olhos, não lhe aquecia o espirito nem levantava mágoa, Sou saudade, disse e ninguém ouviu, Sou esperança, gritou e ninguém escutou, Sou o vazio da existência, e a existência desapareceu com ela.
Largou o que aí vinha sem esperar que algo viesse, turbilhou se no seu proprio corpo, tornando se um estranho espectro de escuridão, uma vagão de carvão prestes a carburar pelo fogos eternos do ser. Contudo, nada foi mais que uma pequena dose de sonho num pouco espaco de corpo, uma pequena luz brilhante saia dela pela pele, ninguém viu, apenas ela, somente os seus olhos vislumbravam, a luz do sol nasce em cada um, em cada noite, em cada segredo guardado.
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