Estou sentado nas abordagens recônditas do palco, longe dos olhos bifurcados na escuridão, da svozes quentes e do bafo dos aplausos ecoando pelas miragens de ouro, únicos restos da magnífico, onde procura o público, a dor, a garra, ainda não estou lá.
Não te sentes aqui, não agora, pinto-me os traços por baixo das rugas marcadas pelo desgaste, desgosto, pelos lados que me perderam e pelos sonhos que me deixaram, por todos os silêncios que não cumpri e por todas as palavras que não direi, aqui, antes, no prólogo de tudo, espera-se por algo, algo onde nunca estive, um tempo em que nunca me perdi, não tu.
Não quero sentir o teu bater, não perto de mim, fecho a porta e tu andas pela amdeira, como na primeira vez, e sei que aqui algures, num bau, está a resposta. Porque eu não sou deste palco nem tu desta história, quando me procurares nele saberás que farei tudo para lá não estar, caminhamos para algo, maior que nós, e lá, no fim, acabaremos de mãos dadas e costas voltadas ao tempo, eternos amantes ao luar.
No fim do espelho, no intrínseco sono dos meus olhos, há uma pequena lágrima seca, há espera de ser chorada, não hoje,
Visto-me e saio do camarim, pronto, penteado, com pó de sobejo, com a pouca humanidade guardada no bolso,
Saio ao palco, na rua há demasiada desumanidade e esta plateia está vazia,
Na tua ausência o vazio vira horizonte.
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