Há uma tempestade lá fora e os teus cabelos são negros como ela, a tua boca carregada como as nuvens negras do céu, um criança tropeça, inocente, depois de correr, antes de sentir, uma criança tropeça dentro de ti e eu perco-me nela, a noite vem e leva-te como se não voltasses, como se não deixasses, e por nuvens e além nuvens, um mar profundo e um silêncio constante, a tua boca cala, o teu corpo consente, e indo mais longe que os homens fomos tudo menos deuses, não voltamos onde o mundo principia, não voltamos porque há viagens que só de uma partida são feitas.
E começas de novo, quando de manhã o sol nasce cedo e as gaivotas voam, brancas, por cima do rio, trazendo consigo o barulho dos motores, o céu que despreza a morte, o riso do tempo, o sonho que apenas desenhamos no tempo.
No último tempo, na despedida, vale a pena ter amanhecido, ter perdido, ter fascínio, deixando ir nas esporas do tempo a confiança cega dos sobreviventes, a mancha eterna dos prisioneiros, ter-me conhecido e perdido, ter me corrido nas manhãs, contar comigo...
Vale a pena se no começo existir princípio, se num fim existir silêncio....
Sem comentários:
Enviar um comentário