Sou eu a ficar porque não sei partir e tu a ficares ao saberes partir, indo devagar para a distância imprecisa, não somos mais as crianças de ontem, eu a convencer que gostas e tu a dizer que não, tu a dançar pelas ruas de alegria e eu a esconder os olhos numa palma suada de medo, eu a afirmar que não se diz e tu a gritares a plenos pulmões que as palavras são dos homens e eles os donos dos seus ouvidos.
Quebramos os dois.
Eu desviava os olhos para não sentir a verdade, tu calavas na palavra a mentira, eu fugia do toque ao saber que me despia, tu a aproximares sabendo que a roupa na pele não é nada, o desejo é maior que as roupas, tu vinhas de manhã e eu queria a noite, tu sorrias e eu sonhava, em todos os dias, em todos os lugares...
Eu tirava-te os sonhos e tu criavas realidades, eu contava histórias e tu atavas cada uma, rezava para que ficasses, tu rezavas para que desaparecesses e ficavas enquanto saías, e quando partias não te tocava, não ficavas, só ias e contigo foi tanto.
Afinal, quebramos os dois, como crianças perdidas num choro compulsivo, é pecado que se deixe, é pecado não deixar,
Quebramos os dois afinal.
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