Deixa na calçada o que dela é, sem pretensões de ter o que nunca foi efetivamente nosso. Sem mágoas nem ressentimentos, já outros falharam a vida, sem se aperceber que falhar a vida é simplesmente viver, percorrer eternamente os carros que nos guiam até ao infinito, com o fim último em todos os fins que nunca mais terminam. Seguir eternamente caminhos que não se tocam e falar sempre em linguas que não se cruzam, parece destino grego a quem de grego nada tem hoje e de tragédia só em escritas menores.
Nada muda no ano novo, nem nada fica no ano velho, se soubermos ficar sempre no limbo em que já não estamos, quedaremos sempre no tempo a dúvida que não tirámos no espaço.
Num outro momento, num outro tempo, sob outro céu, com música ligeira e vinho suave, tragarei de ti a alma toda que minha já não é.
Hoje estarei sempre com o meu amanhã e só dele pertenço.
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