Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Sorriam

 Aprendemos tanta coisa na jornada e nos dias, queremos contar tanta coisa e viver ainda mais, sonhar e transladar para o real, o toque, o som, o silêncio, o toque é menor do que a vida, aprendemos a ver os perigos das esquinas, os sorrisos tortos na sala, os sinais fechados aos jovens e os beijos guardados para a lua. Fizeram-se braços, abraços e lábios, vozes e murmurios, silêncios, perguntas-me pelo meu caminho e respondo sem som, fico por aqui, neste canto calmo, nesta estrada segura, com as feridas vivas do meu corpo, com os laços presos no meu espírito. 


Aprendemos tanta coisa na jornada, põe-te direito, engole a dor, faz tudo o que tiveres que fizer, sê o mesmo que eras, muda para o que tens que ser, vive, não vivas, guarda, separa e liberta, engana nas aparências, vislumbra os vultos, desaparece e aparece, diz que estás fora ou grita que não saiste de dentro, ama o passado, apaixona-te pelo futuro.


Aprendemos tanta coisa na jornada, ideias, consciência e juventude, deixa-te guardar por deus, culpa-o pela dor, abraça pelo espinho, apesar de fazer tudo o que fizeres, és o mesmo.


Aprendemos tanta coisa na jornada mas quando a câmara aparece e a foto se prepara, sorri como te manda a voz que se esconde no obturador, sorri com os lábios, os olhos, esses, podem abraçar as lágrimas que ainda não podem sair.