Balelas (ou não) da Rua

Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra

sábado, 29 de dezembro de 2012

Enquanto nos soubermos de cor

Recosto me neste cadeirão felpudo, escarlate que nem sangue laborando o contorno do meu corpo, enquanto lentamente me afogo nos seus braços, reconfortante o pouco que me sobra de mim, neste vazio aconchegado, falta. A minha mão passa perene no seu braço, querendo encontrar um pouco de ti nele, absorvendo em cada minúscula faixa de pelo hirto o toque suave da tua pele, acariciando a vazia alma que me sustenta, chama me. Vivo destes murmúrios repetidos, estes pequenos enganos de alma, talvez seja cruel, talvez talvez. Enquanto a voz senão me alevanta, a saudade nos inventa, perco o tao pouco que ainda me resta.

De frente para o Tejo, aliciando a ponte com a sua majestosa impotência, prepotente, eloquente,olho so uma vez para ver quão bonita e esta avenida,este espaço recheado de vida e o riso das crianças na calcada,nao podia ser doutra maneira. Mãos vazias, cheias de nada, mundos quadrados e quadros pintados, de tanto nos esquecemos, senão do sorriso, nunca se esquece o sorriso de quem gostamos.

Neste mesmo quarto so comigo e com este cadeirão frágil de memória,aguardo a lua, finda a tarde, que ela entre neste espaço vazio, compadecida Madeira no soalho e vestes vermelhas nas paredes nuas, que a tua voz entre nele como a luz da lua,sonolenta, Nigéria, compadecida comigo.
Neste mesmo cadeirão, assento a tua alma na minha e juntos, abraçados, aguardamos o fim do mundo, hirtos, comparecendo a cada um os desejos de cada qual, solitários e nunca mais sozinhos, aguardamos o fim do mundo, ou o nascer de um novo dia.

Os meus olhos lentos abrem se ao mundo, continuo no cadeirão vermelho, ele esta igualmente sentado comigo, a janela aberta transparecendo um frio que me aquece a solidão, mar manha, talvez um dia venhas nascer ao mar, tecendo o horizonte e laminando a história de uma nova fonte.

Eu nasci noutro lugar donde se vê o mar tecendo o oceano, onde gaivotas voam livres e barcos se fundem a costa.  



Vivi nao sei porquê como um barco a mercê dos temporais, sei que o mar nao me escolheu e sei que ele fala de ti, entre dois tragos de vinho, sento me placidamente no mundo a espera que se me finda o tédio que me tenta a ir livre e sem pressa como um rio que regressa ao oceano

Deixemos espaço ao mundo para ele inventar eternas formas de sermos nós, de estarmos sós na companhia de novas gentes...
Ate ao mar lhe faltam barcos a deriva.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ontem

Ontem onde os problemas eram pequenas lágrimas caindo hirtas pelos esgotos da cidade partindo ao rio, que as levaria eternamente ao mar, repousando plácidas nas costas do tempo, deus da vida.
Ontem não sabia que não o dirias, que o silêncio era a tua forma de chegar a mim, de dizeres sem usares a lâmina das palavras, era um jogo tão fácil, a minha mão sobre a tua e o mundo nosso tempo de vida.

Hoje acredito em ontem, acredito com a fé que me resta nos tempos em que o sol brilhava nos erros e o reflexo da tua cara na água era o espelho lívido onde eu renasci, sempre e todas as manhãs à espera para te ver. Desde o primeiro tempo, ao primeiro instante, num ontem muito mais afastado do passado, há coisas que não se dizem nunca, veladas pela mudez que tantos cobre a sede.

Acredito no som. O silêncio é demasiado cheio para ter certezas, mas muito mais profundo, muito mais nosso, tanto mais passado.


Ontem fomos tanto e hoje somos apenas o infinito à espera de tempo.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Saber em tons de vazio

 Pouco sei do que se me passa ao lado, poucas são as razões que me induzem a um estado mais alerta, um super estímulo que me alevante e desprenda da  crueldade nua e crua da realidade a que nos apoderámos, poucas são as vezes em que a turbulência da razão me insulta e muitas as vezes em que me ganha.

O conhecimento é tão fraco, quando é que te verei outra vez?, o conhecimento é uma ínfima aprte do desconhecido, aquele tempo em que não sabemos em que volta estamos e por quantas mais continuaremos de mãos dadas à espera que o tempo último nos diga Não mais, quando é que te soltarei deste mundo?, o tempo e o conhecimento são espaços amigos de um mesmo corpo, uma sinérgica melodia entoada em roucos gestos de compaixão perante aqueles que não assumem a perenidade constante da sobrevivência, pagas-te alguma vez da memória?, muitas vezes penso que simplesmente não sei pensar e como sou fraco em sentir, sigo amargo pelo desdém continuo das calçadas do mundo, será que te lembras?, nessas calçadas sei que o vão espaço que me dita a altura nada mais é que a ilusão de um espaço vertical que se ocupa uma vez quando não se tem mais espaço onde respirar, onde ser livre...

Espero um dia descobrir a peça que falta, espero que todos os dias se descubra a peça que falta, enquanto no sempre faltarem peças, a razão deixo-a com deus, que aos homens só lhes cabe o espaço da memória na vã realidade, se existe ou não, agarra-me a mão, só ele não o saberá.


domingo, 2 de dezembro de 2012

SAUDAÇÃO A WALT WHITMAN de Álvaro de Campos

Abram-me todas as portas!
Por força que hei-de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há-de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!

Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui p’ra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida neste momento sou EU!

Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir...
É comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Prá frente!
Meto esporas!
Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto,
Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus,
Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa,
Conforme me der na gana... Ninguém tem nada com isso...
Loucura furiosa! Vontade de ganir, de saltar,
De urrar, zurrar, dar pulos, pinotes, gritos com o corpo,
De me cramponner às rodas dos veículos e meter por baixo,
De me meter adiante do giro do chicote que vai bater,

A Comédia do Ambicioso, de F. Nietzsche

A Comédia do Ambicioso  

Um homem que aspira a coisas grandes considera todo aquele que encontra no seu caminho, ou como meio, ou como retardamento e impedimento, - ou como um leito de repouso passageiro. A sua bondade para com os outros, que o caracteriza e que é superior, só é possível quando ele atinge o seu máximo e domina. A impaciência e a sua consciência de, até aqui, estar sempre condenado à comédia – pois mesmo a guerra é uma comédia e encobre, como qualquer meio encobre o fim -, estraga-lhe todo o convívio: esta espécie de homem conhece a solidão e o que ela tem de mais venenoso.

Friedrich Nietzsche, in "Para Além de Bem e Mal"

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Enquanto,


Quando a Chuva cai e toca o teu rosto, e o vento te aperta, podes sentir que tanto se perdeu e tudo ainda cá esta a tua espera. Se sentires a mão vazia e o mundo as costas, terás sempre um espaço fora deste onde as nuvens de chuva so aparecem quando queremos, e a alegria irrompe pelos raios de sol, em pequenos momentos esfuziantes. Sei que a mente esta longe, e que nao estamos perto, mas nao se ira apagar o momento em que conhecemos o espaço impossível de cada um, através de pequenos toques e vazias aproximações, tornamos azul o que nenhuma cor tinha, demos tempo ao que nao criava e vida ao que nunca existiu.

Há momentos inesquecíveis e pessoas que nunca se apaga,, por muito que as outras lhe soprem ventos de mudança, continuam luxuriantes, picollas, pequenas luzes que intensas brilham, nao crepitam mas brilham, nao fazem calor mas brilham, a luz e o caminho que nos afasta das trevas,

E no caminho que se faz a viagem, e so nela nasce o viajante.

Vejamos o dia em cada noite escura, se soubermos que no fim, há eternos recomeços.

Voltemos a estrada que a alma nao espera.

Patria

Patria nao e onde os meus olhos se deitam e onde respiro este bafo quente de uma cidade suja, nao de carros, nao de fabricas, de gente, de fartos andantes de ignorância geral, de leques variados de ostrozidades babulacionantes que enxergam em si mesmos os desejam mais sórdidos de escuridão, apenas falta de luz, quando o sol brilha tanto, tão alto.

Queria que todos mostrassem coragem de um dia, de cada vez, a cada ritmo, ser mais e ser melhor, lutar para que seremos mais, que nos estamos juntos, que nos vamos lutar, estamos aqui até ao fim, na nossa pátria por muito apátrida que seja, há um lar e um vago ritmo so nosso que pretendemos conservar.

Em cada ritmo uma voz e um sentido, um vai e vem infinito de sensações que se expressa numa valorosa e lenta sensação de bem estar, de dever cumprido, de saúde viva e um sentimento áspero de estarmos longe de nos, quando simplesmente nos existimos.

Se nos olharmos hoje ao espelho perdemos tanto, tanta vontade, tanta luta, tanto ar que nos transpira apara fora da atmosfera, um vazio inócuo de espaço, um tempo perdido em cada rugosidade ondulante que nos preenche a pele, como se facadas pequenas nos fossem dadas pelo tempo, cortando devagar, sordidamente, uma lamina afiada, cinzena e húmida, rasgando a carne sem sangue, estamos mais rotos do que parecemos.

Somos a inspiração que faz do mundo um ligar, nao melhor nem pior, so um lugar, além do vazio, além do nao estar e nao pertencer a nada

Pertencemos a nossa própria, sempre e todos os dias, de hoje a te ao fim, pertencemos a nossa pátria, qualquer que ela seja.

Da minha pátria fico o desejo de lutar e o espaço de ousar por tempos que nao este.

Mesmo sem destino

O tempo esta negro comp breu. A Minha decisão esta tomada, se errada e porque certa me parece. Se disser ao mundo que nunca se diz o suficiente porque nas palavras pouco vai da alma humana.

Entre desistir e criar caminhos, que faca os últimos até ao fim dos dias, mesmo que estes me levem a parte alguma, de sítio incerto

Posso ter de voar em círculos, cair de costas com a sensação da gravidade em cada grama de alma, fétida, já podre, de nao conseguir mais ir onde nao se vai. Se vai durar, nao sei, até ao dia que me faltem palavras, ou que diga demais por ouvir de menos, tantos ses e nada daqui levamos.

Mesmo que seja uma perda, ganho eu na magia recôndita de ver expresso em pequenos termos, em vagas oscilações de memórias, ver construído um mundo que nao este, em que chuva cai vazia, em que a nao podemos sentir.

Nao se desiste de batalhas, mesmo em tempos de paz.

Se me levar a lado nenhum, e aí que serei feliz parar criar o espaço onde o tempo se faca meu, so meu, eterno, cheio, útil... A cada estrada o seu viajante, a cada viagem a alma.

domingo, 25 de novembro de 2012

Abraça me

Abraça me e esquece as caravelas que estão no mar, apaga do teu sentido o amor que mata e que moí, põe em cada onde um espirito suficientemente leve para nos levar ao céu num unico suspiro, num único toque.

Abraça me como se hoje o mundo se findasse e tudo o que nos e próprio e este momento, único, só e só nosso, de mais ninguém, unidos até que os ventos do inferno apague, esta vil terra que outrora foi luz.

Abraça me para que a saudade de nao nos termos nos fira até ao termo do universo que, como nos, nao tem termo nenhum, e eterno, e longínquo e vasto, embora sozinho, embora escuro, embora estejamos lá e nunca soubemos que alguma fez por lá passamos, juntos e abraçados a espera quedo mundo surtisse luz.

Nem uma palavra se houve enquanto o fogo se ergue sobre as chamas do mar, Antes que o sol se vá, antes que os pássaros deixem se voar, também te direi adeus, como estrela que se despede do céu, como terra que mata as arvores, como céu que oculta a penumbra, sabia o que sao palavras. Antes que o mar se cerre e o ar nos cegue, cairás nos meus olhos uma ultima vez, um recorte magnético e girto do que és e serás sempre, um rosto onde o meu se espelha e um momento onde o meu se torna infinito. Tudo secreto, tudo tão nosso.

Abraça me e se o mundo terminar larga me, encontraremos em outros tempos, outras formas de sermos juntos.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Cavalo Selvagem


Voltamos ao tempo da infância  onde o nosso doce olhar se cruzava e as nossas mãos, inocentes de pecado, se juntavam naqueles bancos pequeninos de madeira lívida. Os momentos que nos marcam, sem preço.
Não tens preço, e eu sei quem sou, sei que te posso deixar ir, lentamente, para longe da minha mão.

Que cavalos selvagens me levem para longe, para onde não residem espécies, para onde o mar beija a floresta e a beleza da vida renasce em cada pequeno momento de sofrimento.

Agora que decidiste mostrar mais, nada de saídas fáceis nem de labirintos com sinais de perigo, fazes me sina maior, mas mais amrgo, uma distância imprecisa de alguém que já não se é mais. Imagina o passo rápido dos cavalos embater na relva, levando em pequenos rastos, restos, de vida.


Cavalos Selvagens que me levam para longe, podem levar me ao infinito do universo, onde ar não existe, mas este banco deste jardim, estará sempre onde os meus olhos pousarem e onde a minha memória lutar.


Sei que sonho, por debaixo de tudo isto, estará sempre o mesmo banco de jardim, onde as nossas mãos se encontram sempre, não tenho tempo, a fé sofreu e lágrimas devem cair, vamos torna-los realidade agora, do que depois de existirmos.

Ad eternum, ad infinitum.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Fim

Chegámos ao fim, temos um percurso que prova que lutámos e que tudo fizemos por ser mais, maiores, mais fortes e melhores, há cicatrizes que nos traçam no corpo rastos das memórias de guerras perdidas.
Sustém a respiração e sente o movimento da derrota a arder no coração, outra vez, este é o fim, não há espaço além deste tempo, arrasto o corpo até este momento vazio, lento, em fragmento que não reconheço.

Rouba o que há de mim, e leva ao céu, fica comigo enquanto o abismo nos cerra na escuridão, enquanto caímos leves, eternos suaves, e sentimos, nas costas o mundo e na fac o toque de quem nos quer.
Deixa o céu cair, à velocidade da luz, desfazendo as particular de ar, enquanto colidem comigo e me afastam de mais.

Podes guardar o nome mas não ficas com o que de meu não me resta.

Enfrentámos tanto juntos, e aqui cai o céu até uma nova madrugada.
Põe a tua mão na minha testa e sente a febre eterna de lutar por algo maior. Mesmo que o céu caia e o abismo nos cerre, enquanto houver ar e enquanto surgir tempo, haverá espaço para novos dias melhores.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Deixa Esfriar

Está frio e eu não o quero, estar dor que me abraça os sentidos e me leva ao barco mais só de todos os navios, esta tortura mental que me faz vaguear pelo mundo como um pária à espera de caridade... A caridade que não quero nunca.

Podes mandar se for sincero, podes vir se for o que quero,
Esta saudade nasce de braços abertos,
Este frio cresce a tempos certos
E nada mais se pode querer quando é o frio que nos faz desejar,
Quando é o frio que espero.

Queria ser mais alto que as estrelas, mais largo que o espaço e maior que o tempo,
Ser mais verde que os campos e mais verdadeiro que a paz,
Queria ser o mundo inteiro e a árvore mais bela,
ser um condor a voar pelo espaço despercebido,

Queria ser uma caravela para nunca mais parar, queria ter velas a que o vento possa soprar,
Abrir estes braços e viver a vida como lume renascido,
Como vento que sopra como mar que ondula

Acaba a tarefa e mais um dia é tempo de adormecer
Serenamente como num berço de criança,Serenamente como pareço uma criança
E acabando isto e mais um dia a dor adormecer,
Já não há berços que sustentem crianças
nem crianças que durmam em berços.

Figura num espelho um espaço que já não me pertence, vaguei nestas pernas o corpo que já não me sustém, preciso de ir além das coisas, passar além deste tempo.
Contudo, deixemos esfriar, que frio é coisa que não nos falta mais.

domingo, 11 de novembro de 2012

Quero saber

Quero descobrir o porquê de tudo, mostra-me tudo e explica-me como?
Há tanto para aprender, e estando tudo tão eprto, porque parece tudo tão longe, parecemos presos num vacúo indefinido que nos afasta temporalmente da descoberta da essência.
Quero saber porque voo sem nunca ter tido asas, porque os teus movimentos, calmos e sensatos me prendem a atenção até os olhos secarem, porque o vento que roça na tua face mexe na tua pele, ondula o teu ser.

Podes mostrar-me como? Podes explicar o quê?

Vem comigo e vê o mundo como eu, onde a beleza reside além mar, vem sentir, dá-me a mão porque há todo um novo mundo há nossa espera para o ser

Quero saber, podes mostrar-me, dizes-me mais, quero parar esta sede de saber, sem nunca ter excesso de beber demais...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Um Reino por Um Cavalo

Não dava o meu reino por um cavalo, não que tenha um reino imenso de frutos variados, com terras altas e mares novos. Não que exista pasto farto, casas bonitas e gente bem disposta. Nem é terra fértil em demasia, nem é solarenga em especial.
O meu reino tem a divina particularidade de ser meu, com o fado de mentir que já não se é novo. Tem o riso aberto e um pesado conhecimento, uma vida em movimento, sem tempo, aliada ao movimento eterno da humanidade fecunda. Vamos andando pela vida neste reino, com o que aqui há, com o que aqui se pode dar.

Não dava o meu reino por um cavalo, não se precisa de ir longe quando quem se quer está sempre perto, à distância de um gesto mesmo que este nunca se toque, nunca se encontre.
Somos os nossos gestos, somos os nossos valores e os nossos reinos não se trocam por cavalos. Porquê ir, quando é tão bom ficar,,,,

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fogo

Crepita lentamente na lareira, sem som, sem voz, sem o mínimo traço de humanidade que lhe caibam naqueles braços abraçados, naquela voz doce e no toque marcante que tem em nós. Dança, suave, atraindo qualquer um para si, num chamamento de ninfas além vida que nos levam à ternura da essência.
Arde como outra coisa qualquer. Calma, crepitante, com um toque de mágica. Nesta pequena luz, desta pequena lareira, está o segredo do mundo.
O fogo deu vida, o fogo deu luz, o fogo é a glória de quem pensa além de sua janela.
O fogo é alma, é vida, é roda de algo superior a esta gente.

Como tudo, como todos, engana. Quando o quiseres tocar, queima-te e avisa, eterno visitante da verdade do mundo, assiste no teu canto, que ao homem não lhe cabe o fogo.

Enquanto nos sentirmos tentados a tocar estamos tentados a viver, a ser mais que alguma vez sonhámos ser.

sábado, 3 de novembro de 2012

Seja quem fores, não mudes quem um dia poderás vir a ser.
Enquanto fores fiel a ti mesmo, poderás ser fiel ao teu futuro.
Aprender a cair é só um passo para te poderes levantar.
Aprende a acordar com os olhos num espelho que te traga felicidade.

Acredita que podes ser o que quiseres, enquanto acreditares que tu és quem queres ser, a verdadeira essência está no sentido que dás a ti mesmo.

Be true, be real!

Algures Além Mar

Nalgum sítio além do mar, onde não se avistam prédios, nem carros, nem barulhos exaltados de multidões, onde as pessoas são gente e o mar é água, num pequeno passo para lá da chuva, onde ninguém se molha sem querer, onde ninguém cai sem se levantar, existe um pequeno mundo onde eu poderia estar.

Algures além do oceano, bem no alto, na terra onde os sonhos são reais, a terra que nos cantam ao ouvido em crianças, algures lá, longe dos arco-iris, o céu é azul, sempre azul, e os sonhos são nuvens na distância do solo.

Um dia, o desejo, nas estrelas bem altas.
Um dia, os problemas serão gotas nas chaminés, os pássaros multidões, os rios casas onde me posso deitar.

Algures Além Mar, além da chuva, onde os pássaros voam de longe, onde as pessoas olham o céu.

Algures Além do Mar, será sempre o sítio onde me podereis encontrar.

Afinal porque não?, a realidade é a concretização dos sonhos mais recônditos, na distância da coragem de os cometer.

Por uma Vez

Por uma vez na vida ter na distância do sonho a necessidade de realidade, por uma vez sem medo, atravessando os caminhos que a vida me der, sei que sou forte.
Poder tocar nos sonhos do coração, mesmo antes de partir, mesmo antes de nunca mais te ver, sentir o calor das tuas palavras e o seu toque suave nos meus ouvidos.
Por uma vez, as trevas não me poderão tocar, sei que estarás na viagem, sei que estarás cá

Por uma vez posso dizer que é meu e que só tu o podes levar, por uma vez ter no tempo a eternidade de estarmos sós.

Por uma vez sei que posso dizer

Que por uma vez tenho no silêncio todas as palavras que um dia te pude dizer.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Cansaço

A noite cai e cabeça pesa, com o turbilhão de mil comboio valsando em melodias inglórias numa mente já de si deturpada pela passadas hirtas de uma cidade oca. Não paramos, enquanto houver ar, enquanto subsitirem pernas que nos sustentem lutaremos por um futuro melhor. Enquanto nos olhos se espelhar a luz e a boca produzir sons, continuaremos altivos perante as maiores montanhas dos mais terríveis senhores.

Enquanto houver espaço, enquanto houver tempo, haverá luta por algo melhor

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Agradecer

Pelo espaço que percorremos e o silêncio que quebrámos, pelos sonhos tirados e os muito mais criados, pelo sangue que nos corre e pela falta que nos fazes, quero-te agradecer.
Sabes que a manhã perdeu o sabor doce o cheiro suave de um abraço e de um sorriso abertos?
Sabes que para mim sempre existes. Nas palavras certas que me dizes ao ouvido, pela coragem que me fazes ter, por estares colada a mim sem nada te pedir, quero te agradecer e estar sempre aqui.

Pelas palavras certas em que precisei de ti, pelo olhar cortante que me calou a dor, pela força sempre nova que me dás, por não deixares perder a força de sonhar, pelo pouco e pelo muito, agradeço te por seres assim.

Nesta noite de outono, por tudo e tanto, quero-te agradecer e imaginar-te sempre aqui, com o espaço nulo entre nós, pelo abraço junto até ao fim, pelo caminho e pela viagem.

Dá-me a força de saber sempre sonhar, de nunca perder o teu olhar.

Euphoria

Calma, Silêncio e espaço vazio, num leve odor a relva sucumbes à terra que nos viu crescer, vês o teu sorriso nos meus olhos.
Até que o vento, até que o tempo, termina a eternidade que nos era destinada. Esta noite, neste chuva, o silêncio da tua ausência é o espaço que respiro em ti.
Até ao fim do tempo sei que eu e tu temos o direito de cair em terra, de nos revirar na alma deste solo, de sermos um, por muitos espaços que nos sucumbem. Estamos sozinhos neste universo campestre, livres e atentos, caminhamos ao infinito, sempre mais, sempre maior até deus, até ao silêncio.

Euphoria, porque subimos, porque sabemos, porque juntos somos mais, porque juntos tornamos o minuto em espaço, criamos o silêncio na luz e a voz na escuridão, Porque juntos somos espaço e tempo, somos a altitude do sonho.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Café e o Fim do Mundo

Chove. Enquanto as gotas de água teimam insistentemente abraçar-me em pequenos toques de luxúria, eu ando pelas ruas de Lisboa, mesmo parado sinto que ando. Não sei se o destino que me cumpre é motivo suficiente para mover este corpo dormente pelas estradas que já tantos pisaram. Onde faltam estradas novas se todas nos levam aos sítios de antes?

O tempo entorpece, a chuva teima em não parar. Vejo rostos, fitando sombras que ninguém vê e rostos que ninguém toca. Esta empatia circula como o vento, afastando as almas para pólos de solidão.

Perante a chuva, afastados de todos, sentamo-nos. Parados. Inertes. Tropegos.
Enquanto esperamos pelo fim do mundo, bebamos café, juntos connosco, a sós com os outros.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Chuva de Gente

Será chuva ou será gente, as pessoas que vêm no caminho, caem falando, caem no vazio, não sei choro ou se rio,
será mais chuva  a que cai ao meu colo, ou simplesmente gente que não consolo,
será gente a mais que cai do céu, ou apenas a chuva num triste véu

Será chuva ou será gente, estes que se apressam no caminho
Não sei se chuva ou se gente,
sei que ando sozinho, sei que ando contente.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Que Mais?

Dei-te o mundo na forma mais solene de haver, dei-te o silêncio das tardes, o mar que enche oceanos e as palavras de todos os momentos, uns olhos fracos, e uma voz ríspida, um mero abraço a um terno momento, um passeio a sós, uma tarde juntos, uma noite de estrelas, tempos mortos, futuros vivos, o que era meu, e o teu também, a árvore maior, o tempo inteiro, o passado neutro e eu tenho de ti meros fragmentos que nem sei se teus sãos,
Que mais te posso dar?
Um tempo parado, um silêncio amargurado, tempo, amor, ódio, desprezo, esperança, tudo é teu, os meus olhos mortos, o meu silêncio calado, são teus também, um espaço apertado, uma abraço separado, que mais queres de mim,

De ti sobra apenas a brisa do teu perfume e os restos da tua alma,
Só tenho para de dar mais um tempo de solidão
Um dança a dois, em passos a sós

Um jeito estúpido

Num bom café a meio de uma estrada não sei bem qual o seu caminho, uma boa tarde, não sei se era mesmo tarde, mas era mágoa, um jeito estúpido de falar, mas comum
Uma boa bica, cheia, intensa, volumosa,  com cheiro picante, inunda os pinheiros de uma nova vida, bebe-se lentamente, um jeito estúpido de saborear, mas comum
Uma boa frase, um poema solto pelo canto da boca, num trejeito torto de perder pontos e vírgulas, um jeito estúpido de amar, mas comum

Um momento, mesmo que lento, eterno, mesmo que fraco, guardado, mesmo que o último, para sempre,
Um jeito estúpido de recordar
Mas único para nunca esquecer

Apenas Isso

É só assim que sei, não sei se bem ou se mesmo mal, apenas o passo mal dado poderá chamar à Terra a cabeça dos sonhos, Vento, soa um vento novo nos meus ouvidos e a saudade de um futuro tão distante aproxima-se na cumplicidade de uma amante, eternamente minha, eternamente alheia, aquele toque sereno que se sabe ser pago, aquela magia vazia de um olhar sedutor, aquela solidão de quem não consegue estar só, Apenas, vale o verão de sois sós para nos fazer pensar que embora as estradas se tenham separado, os caminhos poderão um dia se encontrar, Vai, não queiras ser peso morto, o futuro volta e quem sabe se o que foi será o eterno que regressa,
A vida são futuros trocados
E o passado são apenas passos já dados
Apenas isso e nada mais

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Porque em todos os silêncio há o murmurio de uma voz oca e de um passado distante, nesta estrada há um caminho directo ao precípicio, Não pares, Não ouses

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Grito

Um lado da mais voz eleva-se ao vento da tempestade, quer sair, quer amar as pedras da calçada, partir todos os vidros, queimar todas ar árvores, destruir o mundo, até que ele renasça pela força do vazio, quedo-me ao silêncio das palavras, senão o grito mais alto será aquele que nunca ninguém ouvirá.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Não Vou Medir Palavras

Quem não percebe silêncios, não conhece as palavras que me revestem de sentido, quero perder as vistas das cidades, descobrir o prazer do campo, sentir as migalhas da natureza elucidar me os olhos de mistérios naturais, ver as mudanças do tempo, sentir as estações no caminho, perder o fim, esquecer o começo, aplausos do mar à solidão dos homens, o afecto de um beijo sem o pecado da cidade, nem carros a andar, nem exaltações demais nos nossos olhos, o frio de estarmos onde há muito não nos sentimos, criar o mundo que eu prometi a mim mesmo, não adianta ignorar o mar,
Não vou medir palavras,
Quando este dia acontecer,
Não vou medir palavras,
não conseguirei esquecer

Nega

Nega as roupas que te obrigaram a vestir, despe te da humanidade que te incutiram, limpa os olhos com a maresia, grita de vez as palavras que não usas, cospe o dicionário, perde os fantasma que te carregam a scostas de peso, parte as molduras, termina os domínios,
Vai valer a pena, vai ter sentido,

Nega a alma que não te ousa medir, nega as pessoas que te medem, nega as estórias que te atormentam, nega as correntes de fascínio, Começa de Novo, nega a manhã e conta contigo, vai valer a pena e vai fazer sentido, não percas a luta, começa de novo e nega o que te basta e constrói o que te sobra

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Toque de Midas

Entre as mãos se  cria a distância e entre as palavras o silêncio, o não saber estar sem te poder olhar instala-se e o corpo ganha o formigueiro que se arrasta pelas pernas e nos sai pela boca sobre a forma de nada, vazio, parvoíces ou meros sons, nada faz sentido e tudo parece errado, vazio, não podes parar o tempo, podes tentar mas sabes que não vais conseguir, podes me tentar parar, mas o mundo roda, eu ando, o tempo passa, as mãos apartam-se, estamos perdidos no som dos tambores, ao som das tribos, sabendo que nada nos para, nem a voz dos Homens, nem o som dos pássaros, o movimento eterno do sol irá dizer que o Toque de Midas, aquele que transforma tudo em ouro poderá estar à distância de nada, Nunca saberemos, assim é o segredo do mundo, a alegria de sabermos sem nunca tentarmos ou a alegria de tentarmos sem nunca sabermos.

Caminho

Em cada passo do caminho pensarei em ti, no sorriso que me falta, na memória que me resta, no silêncio de nada te dizer, volto as costas não por não te querer ver mas numa tentativa de ver as memórias, memórias é tudo o que levo de ti, não chores, eu não chorarei, e eu irie sempre voltar a este lugar sabendo que já cá não estás mas na esperança de saber pelas rochas, ondas, flores ou ventos, que tiveste sorte, que há esperança, espero que elas te transmitam tudo porque eu irei sempre estar para lá das montanhas, em todos os vales, escondido no silêncio e apagado na escuridão, sabendo de ti como sempre soubeste de mim,
Pelo caminho, pela viagem, pela memória

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Coragem de Correr

Enquanto os param nos bancos, sentados no conforto do seu sofá, contentes com descontentamento do mundo, outros correm, sem significado, sem ideias nem ideais, sem querer exaltar os céus ou amaciar a terra, correm porque acham que assim estão vivos, ´+e sinal se que são Homens, seres vivos, um rasto da veia de um passado que não querem exaltar, são artéria de um povo que tem tudo a provar e já nada está provado, correm apenas pelo sonho, correm apenas pela vida, correm apenas pelo amor, correm porque correr é estar vivo, sem dores, sem cambrias, sem medos, sem sequer baixar a cabeça para contar os passos, não importam os sapatos, a roupa, quem corre connosco, desde que parar seja morrer, não importa se nos interpõem muros, correremos adentro deles, quebrando tijolos, despindo mágoas, quebrando preconceitos, quebrando maldizeres e povos ignorantes,
Eu corro contra a ternura, corro contra o snobismo, corro contra o povo, corro contra os ideias,
Corro com ideias, corro com pessoas, corro com alma e com saudade, com vento, pelo mar,

Corro porque a correr estamos vivos,
A correr celebramos a liberdade,
independentemente do que ela significa para nós.

Viva Portugal, Viva a Vida, e vivam os que não se sentam e os que não se contentam.

Vagões

Toca ferro com ferro no árduo caminho da minha estrada, sob um céu cinzento e uma amargurada chuva que teima em beijar a minha face já molhada pelo passado que me incorre, nos olhos o reflexo da esquizofrenia de um carril que teima em não ser hirto na vicissitude, alguém que se irrompe do cais e manobra o comboio com a agilidade nula de uma criança ao ser feliz, Cumpre-se o destino de quem corre, o sapato de quem usa toca o chão e incorre em perigo ao nunca parar.
Os vagões correm e incorrem em erro, não são mais que um, um mero mero de um outro ser, são os parentes menos reconhecidos de um majestoso comboio que se ergue na população, imponente.

Neste céu cinzento o caminho continua-se a fazer caminhando e, enquanto o meu rosto reflectido na palidez de um vidro tosco, se ergue na madrugada, penso,

Sem vagões não há comboio que subsista.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Eu Sou o Poder


Longe na distância imprecisa dos sonhos não concretizados, um anjo desce do céu, sem palavras, num múrmurio, apreciamos o silêncio de mundo inteiro, o som das árvores caladas, o som da calçada abafada pelos rastos da humanidade, e caminhamos para algum lado, onde nunca ninguém esteve, alguma vezes passamos por ele, sem estarmos preparados para o encontrar e baixamos a cabeça para o não ver, o som do coração a bater, das veias a pulsar, sim estamos vivos, sim estamos crus, sentimos que não conseguimos avançar, mas está aqui algures,

Porque somos nós, apenas nós, a razão de existirmos, a força de lutarmos e a voz de resistirmos,
e sempre que me tentares encontrar vou fazer tudo o que puder,
caminharemos finalmente para algum lado,
onde sempre estivemos e nunca nos quisemos encontrar,
agora estamos prontos, Isto é o (p)Poder
Porque se pode sempre quando a alma quer ser

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sempre para Sempre


Sempre que o vento soar mais alto que as vozes, o mar mais alto que os muros que nos separam, as aves cantarem de tal modo que o mundo saiba que existem, existirá para sempre um pequeno espaço só teu, só para ti, na distância, na proximidade, se juntos ou separados, acredito que estará sempre lá, um pequeno passo do medo, a um pequeno tempo do vento e da distância, irá sempre ter ao teu, irá sempre estar acordado, mesmo em sonhos,

Estás aqui, não há medos, receios, vidas, ilusões, crimes, silêncios, palavras, ecos, pessoas, este pequeno espaço é imune do mundo, porque é só teu,

Para Sempre,
Sempre para Sempre

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ruas


Bom dia ruas dos meus passos, aqui digo todo o que vejo, escondo o nada que me basta, passo pela minha rua com o frio, com o sol e o beijo tarde de alguém, vivo assim, entre a calçada de cima e o alcatrão em baixo, um dia juntam-se as rosas de cima com as pessoas de baixo para vir ver o arraial desta cidade, Bom Dia, dizem das janelas as pessoas que iluminam o sol com o seu sorriso, um dia há de ser dia, sem temer os ventos e as marés, de sermos nós nos mesmo arvoredos, em novas ruas,
A minha Alma é feita de ruas novas que já não me levam às janelas de antigamente.

terça-feira, 10 de abril de 2012

X - Mais Barcos ao Mar


O mundo é tão pouco quando nos não basta a existência, quando a janela não é a distância mas o infinito, se a alma não é a vida mas o afastamento de nós, se os abraços desfeitos não são nossos mas de um sonho, se o beijo não é teu mas do vento, se a mão que te toca não é minha é do mar, Cobrir te ei da dor de ser não mais uma criança, serenamante no rio de todos nós verás uma vez mais, e uma única vez, que não são as ondas que estão no mar,

É o mar que faz as ondas onde os barcos navegam

Cruel

Existem aqueles seres crueis nos contos de fadas, nas historias de encantar das nossas infâncias, cobertas pela inocência de sermos os reis do nosso pequeno mundo, ao alcance da nossa frágil e pequena mão, sabendo que, se o medo a nós viesse podíamos fechar o livro, correr para o colo de alguém ou simplesmente ir à janela e ver o mar calmo espelhar-se nos nossos olhos de vida, recheados de alegria e ternura, ver o sol e esquecer a ilusão daquele momento.
Crescemos e os bichos cruéis que trespassam os livros tornam-se a realidade a enfrentar, há que rasgar o peito e lutar ou, simplesmente, ver que a realidade está à distância de um gesto.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Estranhos Como Eu



Não sei quem são os rostos que me fintam, mas os olhos não se cruzam, este mundo está cheio de coisas para descobrir, não pessoas que se envolvem nelas próprias, ciscunscritas aos seus pesadelos e hipocrisias, estes gestos fingidos, estas caras mal lavadas, fiquem por ai que o mundo não +e vosso,

Existe um novo mundo, vem, vamos mostrar este novo mundo, este novo, mais coisas, partes nossas, campos verdes, mar de ondas, ventos a oscilar os nossos cabelos, sentir a natureza, apenas isso, aprender o que elas nos ensina, sentir o bater das árvores como o coração dos que morrem,

O mundo não é dos rostos que se cruzam
Mas dos corações que se tocam,
O mundo é de estranhos como eu

Barcos À Foz



Esta estrela beija todos os barcos que se despedem deste Tejo de descobertas, ide para linge,, sabendo que a vossa casa, a vossa causa, está aqui, na terra dos homens, no tempo das guerras, não se faz humanidade lá longe, peço conforto a estes que se aventuram nos mares dos mortais, estes que sofrem pelos sinais, vão para longe sem daqui nunca sair,

Barcos Às cores, mergulhados no mundo inteiro pelo suor dos mares, beijados pela luz dos antepassados, Onde irão?, Aonde ao homem ainda não foi, Ao infinito do ser, ao tempo do mar

Anda Comigo


Nunca um segredo fora tão mal guardado, esta falta de sensibilidade para evitar dizer coisas constrangedoras é algo que transcende, sempre saiu o que não queria, o problema é que nem sempre foram as palavras o vector entre nós, um gesto que não percebeste, um pequeno toque de alma que não ligaste, um sorriso, sabes o que eu quero dizer, que me falte o ar senão foi verdade que te disse sempre tudo, mesmo que não o quisesse dizer,

Hoje, enquanto a mirabolante ideia de transmitir vectores que não palavras ou complexas equações matemáticas matriciais, digo-te em palavras que não são minhas, são de todos e de quem as quiser receber, anda a lua,

Anda Comigo Ver Aviões, sem ninguém, com o mundo
Só nós, com todos,
Na tranquilidade que nos falta, No espaço que nos sobraq

segunda-feira, 26 de março de 2012

Espaço Impossível



Entre todas as distâncias a pior é aquela que não se sente, apenas com o passar dos anos sentimos aquele vazio a crescer, lapidando a alma, sentindo que nós poderíamos ter feito a diferença, podíamos ter estendido a mão, um simples abraço, um grande silêncio que só os verdadeiros amigos apreciam, e, contudo, deixamos o tempo passar, vazio pelas andanças da eternidade, andando circunscrito na sua vaidade, as desculpas de falta de tempo, os olás que já não se arrastam, as meras conversas de conveniência, Olá, Tudo Bem?, e por ai ficamos, sem saber o quando sentimos por dentro, sem conceber que este Olá deveria ser mais, deveria ter a voz que só nós sabemos ter, aquele toque mágico que se ganha com o passar dos anos, quer sejam muitos ou intensos, aqueles eram nossos.

Deixei a voz pender nos murmúrios, arrependo-me, como em tudo do que não faço, não o façamos.

A nossa voz, a nossa alma, transparece em cada sorriso, em cada momento,

"Põe tudo quanto és no mínimo que fazes".

Nunca é tarde enquanto houver tempo!...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Gestos e Palavras




Agarra-me perto e rápido, as palavras mágicas que me lanças são feitiço de um ser novo que nos traz em vida, quando me beijas com palavras eu apago o futuro, pressiona-me ao teu coração foge para um novo mundo àparte, onde rosas nascem, ondas batem, cheiros inundam os nossos olhos de cor, as palavras vãs, vulgares, são agora poemas de génios maiores, os gestos são rituais só nossos, aperta-me o coração com o teu, e fala, anjos cantam de longe, todo o que dizes parece um momento, dá-me a tua alma e para sempre ...

Os olhos abrem-se, as ondas batem, os cheiros apagam-se,
E tu não estás cá...



Perco o sentido no deserto imenso que é a tua ausência, o tempo de espera pela tua falta é grande demais para o nosso tempo, um vácuo profundo de nada apaga o mar que se espelha nos meus óculo, Vem, Vem ver o baile das ondas onde tu não passas,
Além do Mar, o Abismo se espelha

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Se Alguma Vez te Perguntaste


Acordo todos os dias com a mesma alvorada espelhada no céu, um quanto incompleta por não ver rostos em reflexos, caricías de vento na minha face e um salto da varanda até ao infinito mundo que reside debaixo dos nossos pés.

E acabou aí, não há maneira nem forma de dizer quem sim,

Acreditas que por ti, ou por tua culpa, parti para longe dos outros, pergunta-te onde estavas
Acreditas que por ti, ou por tua culpa, nunca gritei às ondas a voz do meu tempo, pergunta-te porque te calaste,
Acreditas que por ti, ou por tua culpa, acreditei que uma só palavra bastava, pergunta-te onde ficaram as tuas mãos, ausentes de mim,

Sinto que tenho de me ir assim, sem dizer adeus, sinto que voltar atrás é pretérito,
Nem uma palavra mais, nem toques na face, uma única carícia na tua alma,
É que ela estará sempre um pouco na minha

Se alguma vez te perguntaste...,
perdoa-me por não te ter perguntado antes

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Noite


Em todas as noites percorres a ilusão que sobra nos profundos recantos do pensamento, a falta, a ausência de se estar onde já não se está bem, querer voltar quando sabemos que o nosso lugar é o agora, um passo, um pequeno passo, junto de estar próximo é pecado de mais para as nossas existências.

Tocou-nos uma vez e só nessa vez a noite foi de mais ninguém, nem gritos de almas transparentes, nem exaltações demais para os nossos olhos, aquela noite, perto, longe dos outros, em quaquer sitio em que eles estivessem, um pequeno sorriso, um pequeno gesto, uma pequena aproximação,

Depois a noite veio e a alma é vil.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

iR - VoLtAr


Nascemos no nosso sítio, esperando que o dis sejemos grandes o suficiente para o extravasar e cumprir a alma dos antepassados em gritos de loucura e actos de ousadia.
Abandonamos ilhas, criamos barcos, descobrimos paraísos, matamos escravos, restauramos liberdades, abandonamos as roupas velhas que têm a forma do nosso corpo e, um sensação fantastica nos cumpre, somos mais que isso, somos isso tudo.
Por muitas roupas que tiremos, muitos mares que naveguemos, muitos países que deixemos, somos sempre nós nesse pouco local e esse local é sempre nosso em cada passo pesado e em cada corrida apressada.

Assim como o ar que respiramos
Assim como a água que bebemos

O que somos é nosso
E o que fomos também...
...E o que seremos.

Que voz vem no som das ondas
que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos falla,
mas que, se escutamos, cala,
por ter havido escutar.


E só se, meio dormindo,
sem saber de ouvir ouvimos,
que ella nos diz a esperança
a que, como uma criança
dormente, a dormir sorrimos.


São ilhas afortunadas,
são terras sem ter logar,
onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
cala a voz, e há só o mar.
In Mensagem, Fernando Pessoa